Tribuna Ribeirão
Geral

Larga Brasa

Baixinho come quieto
Em uma região bastante pujante, onde a lavoura era o sus­tentáculo da economia, havia um município já grande, cuja administração havia passado por inovação e modernidade. O prefeito era muito influente e tinha contatos com o país e com o mundo através de simpósios, congressos e pelo próprio fato de ser competente em suas missões. Certa feita o prefeito foi viajar para receber mais ensinamentos em afamada ins­tituição do exterior, onde deveria permanecer por quase dois meses por conta do setor que o convidou. Deveria assumir o vice-prefeito, jovem também, que era do tipo “pão-pão, quei­jo-queijo”. Prefeito efetivo, viajou e o “em exercício” assumiu.

Tira caspas
No dia que o vice tomou posse apareceram alguns “tira caspinhas das costas” do que assumia a famosa cadeira do Executivo. Todo puxa sacos é meloso, matreiro e insinuante. E um baixinho era o que mais se destacava no “baba ovos”. Em dado momento ele se achega próximo ao ouvido do vice em plena função e lhe diz que o titular havia prometido voltar a conceder gratificações a alguns funcionários pelas suas atividades extraordinárias. O jovem que estava assuntando tudo, chama o diretor de Administração e o questiona se era verdadeiro o alegado pelo “lambe botas”. Ele confirmou. Então o prefeito na plenitude de seu cargo deter­mina que ele faça um decreto para continuar a administração sem solução de continuidade. Alguns foram privilegiados pela analise do diretor da Administração.

Hora do happy hour político
No final da tarde, quando tudo havia terminado e sem fato­res negativos, eis que alguns deputados, próceres partidários e vereadores se reuniram na sala do chefe do Executivo. Em dado momento o telefone toca e uma funcionária do setor de recursos humanos informa ao prefeito que o nome dela não estava na lista e que havia saído com o baixinho doutor fula­no e ele havia prometido, pós-farra, que iria conseguir o extra para ela e uma colega. O jovem prefeito deu lhe uma resposta atravessada e mandou que se buscasse o decreto que já devia estar para ser publicado. Correndo trouxeram os papeis e ele determinou que se chamasse o puxa saco de plantão, o baixi­nho tira caspa.

Passou por um vão da porta
O tal baixinho come quieto apareceu de banho tomado, com Glostora (brilhantina) no cabelo e logo foi perguntando se o prefeito iria fazer uma cerimônia para assinar o decreto para alguns privilegiados. O rapaz investido das funções tirou o calhamaço protocolar do decreto e disse: -“a cerimônia vai ser esta”. Ato contínuo rasgou a papelada e saiu para dar um pontapé no traseiro do “tira caspas”. Ele conseguiu passar por um pequeno vão da porta semiaberta. Nunca mais alguém se atreveu em solicitar algo diferente para o prefeito em exercí­cio. E o tal baixinho nunca mais apareceu no gabinete enquan­to o vice esteve nas funções. Meninos, eu vi.

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