O déficit de policiais civis no estado de São Paulo está perto de 35%. Os dados fazem parte de um levantamento do Sindicato dos Delegados do Estado de São Paulo, (Sindpesp) o que significa que em média a Polícia Civil trabalha em todo o Estado com apenas 65% dos seus cargos ocupados.
Hoje, em números totais, o Estado tem 27.507 policiais civis, apesar da legislação determinar que a Polícia Civil tenha 41.912 policiais. Atualmente, o déficit é de 14.405 profissionais em números absolutos.
A Seccional de Ribeirão Preto está muito abaixo da média estadual, com somente 54% dos seus cargos ocupados, gerando um déficit de 46%. Além de sobrecarregar os policiais, que chegam a realizar a função que deveria ser feita por quatro profissionais, esse déficit compromete muito a qualidade do serviço de investigação e a segurança pública dos moradores da região, que abrange as seguintes cidades: Altinópolis, Brodowski, Cajuru, Cássia dos Coqueiros, Cravinhos, Guatapará, Jardinópolis, Luís Antônio, Ribeirão Preto, Santa Cruz da Esperança, Santa Rosa do Viterbo, São Simão, Serra Azul, Serrana e Santo Antônio da Alegria.
Essa região tem 27 delegados enquanto os cargos previstos em lei para a função são de 35. Já para escrivães existem 113 cargos previstos por lei contra apenas 59 ocupados e para investigadores dos 163 carpos previstos e somente apenas 82 ocupados (ver lista completa nesta pagina).
“Esse déficit é um dos problemas que formam o triste cenário da Polícia Civil de São Paulo. Hoje trabalhamos com equipamentos obsoletos, viaturas sem manutenção e delegacias em péssimo estado de conservação”, diz a presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo, Raquel Kobashi Gallinati.
Segundo ela a situação só não é pior pela dedicação dos policiais civis, que se desdobram para oferecer uma segurança pública de qualidade, ainda que o resultado fique abaixo da potencialidade da polícia, pela falta de investimento do Governo. A presidente afirma que o Sindicato dos Delegados de São Paulo vai continuar denunciando o descaso do governo do Estado com a Polícia Civil, que em última instância, é um descaso com a segurança da população paulista.
Aposentadorias
Com a nova previdência proposta pelo Governo do Estado o quadro dos recursos humanos na Polícia Civil está se deteriorando rapidamente. Isso porque os policiais que já possuem tempo para aposentadoria estão protocolando seus pedidos, e o Governo não consegue repor os profissionais com agilidade. Segundo o Sindicato dos Delegados o governo precisa ser rápido para nomear os aprovados em concurso, para que a Polícia Civil possa realizar seu trabalho de forma eficiente.
No final do ao passado o Sindicato dos Policiais Civis de Ribeirão Preto – Sinpol, estimava que em Ribeirão Preto seria necessário a contratação de 200 investigadores, 300 escrivães e 150 delegados. De acordo com o Sindicato, a defasagem no número de policiais, sobrecarrega e prejudica o trabalho da Polícia Civil.
456 policiais já morreram vítimas da covid-19
Dados da Polícia Militar e Civil e das secretarias da Segurança Pública dos 26 estados e do Distrito Federal mostram que 465 policiais morreram no Brasil em 2020, vítimas da covid-19. Os dados revelaram que um em cada quatro policiais brasileiros foi afastado das atividades durante a pandemia por apresentar sintomas da doença, fazer parte do grupo de risco ou ter contraído o vírus em algum momento.
O total de mortes pela doença é mais que o dobro do número de agentes assassinados no país no mesmo período que totalizou 198. Os estados com mais policiais mortos pela doença foram Rio de Janeiro (65), Amazonas (50) e Pará (49). Ainda segundo as informações, todas as unidades da federação tiveram ao menos um policial morto pela doença no ano de 2020. O número pode ser maior já que na pesquisa não foi levado em conta os primeiros meses de 2021.
Por conta da covid-19 a rotina das corporações também foi modificada. O levantamento revela que 126.154 policiais foram afastados das funções em algum momento no ano passado – o que representa 1/4 do efetivo total do país.
Em Pernambuco, a Polícia Militar publicou uma série de vídeos com instruções e orientações sobre as medidas de prevenção contra a covid-19. As cinco gravações, estreladas por agentes da própria corporação, ensinam a forma correta de higienizar a viatura, colocar e tirar a máscara, fazer a higienização após uma abordagem, entre outras dicas.
Já no Mato Grosso, o comandante-geral da Polícia Militar elaborou uma portaria estabelecendo medidas de prevenção para evitar a propagação do coronavírus. Entre as medidas estão uso de álcool, suspensão de cumprimentos, revezamento e redução do expediente para o administrativo, e uma Comissão Especial para Supervisão e Monitoramento do teletrabalho.
Em outros estados como no Rio de Janeiro, a situação foi diferente. A Secretaria de Polícia Militar recebeu críticas por não dar proteção aos policiais no começo da pandemia. Os PMs reclamaram que precisavam comprar equipamentos de proteção contra a Covid-19 por conta própria.