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Paremos de insistir no erro

Segundo o pensador e filósofo chinês Confúcio, nascido cerca de 500 anos a.C, um bom governante deveria primeiramente ser um bom filho, em seguida, ser um bom irmão, depois, ser um bom vizinho. Só assim tornar-se-ia um bom cidadão e, por decorrência, poderia ser um bom governante. Para ele, somente quem governa bem a si mesmo pode aspirar a governar os outros, afinal, tal mister seria a arte de conduzir e elevar os povos.

Na teoria de Confúcio, portanto, não existe diferença entre ética e política, já que ele sublinhava uma moralidade pessoal e governamental como faces da mesma moeda. Era um homem pragmático, afeto à reso­lução dos problemas cotidianos e serviu ao Estado durante muitos anos, ocupando cargos importantes, até que o governante do reino se perdeu nos encantos do Poder e suas benesses, quando decidiu sair. Então, peregrinou e fundou sua escola de filosofia.

Os ensinamentos de Confúcio nunca foram tão bem encaixados quanto na atualidade. Ao encararmos uma pandemia mundial com tantas mortes de amigos, parentes e personalidades de referência, ao termos que lidar com tantos confinamentos e restrições, além de uma taxa de desemprego recorde daí decorrente, bem como uma inflação galopante, derivada do despejo de socorro financeiro do Estado às pessoas e empresas, as coisas ficam caóticas e o ser humano tende a perder seu centro de equilíbrio. Mas, é justo aí, quando se oportuniza uma reavaliação interna de valores, que os indiví­duos têm a oportunidade de abandonar aquilo que só o carrega ladeira abaixo, como paixões, apegos, ódios, remorsos, e também, porque não, deixar de lado políticos de estimação.

A vida é assim: mesmo em momentos de crise há oportunidades. E as pessoas as aproveitam ou não. Vai de cada um, claro! Mas, é claríssimo como o cavalo está selado. Para ilustrar, principiarei do fim para o começo: Bolsonaro surfou uma onda em 2018 sem sequer precisar remar. Estava ali, encarnando uma suposta antítese ao governo do PT e acabou indo ao 2º turno justamente contra o PT. Então, elegeu-se com o voto antipetista.

Ocorre que, a não ser pelas pautas ditas “conservadoras” (às vezes bizarras), vem fazendo exatamente o que faziam governos anteriores (que dizia em campanha que iria combater). Abraçou o “Centrão”, pa­gou verbas para manter a base aliada, e está envolvido num sem-número de casos de malversação do dinheiro público – as famosas “rachadinhas”. Seu governo estava até sendo razoável relativamente à economia, mas, daí veio a pandemia e fulminou qualquer ponto positivo. Ficou apenas o capitão cloroquina, com seus acessos de raiva, xingamentos a políticos, à imprensa e ao próprio povo que governa, chamado de “maricas”, dentre outros impropérios. Enfim a antítese dos ensinamentos de Confúcio.

Voltando mais um pouco e pulando os governos Temer e Dilma, tivemos o governo Lula. Apesar de ser um sujeito muito mais afeito aos pobres, alguém que demonstra ter um coração que nutre mais empatia, Lula se veste conforme o baile. Faz de seu carisma (uma dádiva) uma praga populista, vocalizando mágicas – como a última, em que assevera que resolveria o problema da pandemia “começando com a impressão de 300 bilhões em moeda nova”. Veja: um bom capitão é aquele que impede o barco de afundar e sabe para onde vai, não aquele que é boa pessoa. Ademais, Lula tem muitos esqueletos no armário: foi nos gover­nos dele que nasceram o “mensalão” e o “petrolão”. Mesmo para você, leitor petista, que segue acendendo velas no altar do santíssimo Lula – ele mesmo já disse que “não existe viva alma mais honesta” do que ele – seria prudente reconhecer que os maiores esquemas de corrupção já noticiados no Brasil ocorreram na gestão Lula. Significa que ao menos ele foi inepto em combatê-los. E isso nada mais é que má gestão.

Assim, desejo que Confúcio possa iluminar sua escolha nas pró­ximas eleições. Aliás, fica aqui um humilde conselho de minha parte: preocupe-se mais com o voto que você dará para o Legislativo do que para o Executivo. Por incrível que pareça, aquele é mais importante.

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