Pertencentes a uma das faixas da população brasileira que menos tem o hábito de ler, idosos paulistas estão mudando essas estatísticas. Eles fazem parte do Clube de Leitura 6.0 e já alcançam o dobro da média de leitura do país (4,97 livros por habitante/ano, segundo Retratos da Leitura no Brasil, do Ibope/Instituto ProLivro), e alguns chegam a ler uma obra por semana.
Nada menos do que 1.352 idosos de 26 cidades paulistas, incluindo a capital, já passaram pelo projeto, iniciado em 2020 pelo Observatório do Livro. Até o início da pandemia, os encontros eram presenciais e aconteciam em centros de convivência, instituições de longa permanência e bibliotecas. Com o início do período de isolamento social e as restrições de circulação, eles migraram para o formato digital.
No início, os membros dos 119 clubes receberam ajuda e treinamento dos mediadores de leitura e dos voluntários do projeto. A resposta foi surpreendente: com o acesso a uma biblioteca digital com mais de 30.000 eBooks, eles continuaram a se encontrar uma vez por semana para conversar sobre o livro durante os encontros pela internet.
Com a pandemia, o presidente do Observatório do Livro e da Leitura, Galeno Amorim, idealizador do projeto, diz que a instituição, que já operava com o digital, decidiu aprofundar suas ações de inclusão digital para os idosos. “Além do entretenimento cultural de qualidade e da interação entre as pessoas, ler livros de literatura durante o período de isolamento tem ajudado as pessoas mais velhas a lidar melhor com temas como solidão, angústia, insegurança e os medos”, afirma.