O homem apontado pela Polícia Civil como construtor do prédio de quatro andares que desabou na madrugada de quinta-feira, 3 de junho, em Rio das Pedras, Zona Oeste do Rio de Janeiro, causando a morte de duas pessoas, é Genivan Gomes Macedo, pai de uma vítima e avô de outra.
Ele foi localizado pela Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais (Draco) e se apresentou espontaneamente à 16ª DP (Barra da Tijuca), uma das envolvidas na investigação do caso, onde prestou depoimento. O imóvel era irregular perante a prefeitura do Rio de Janeiro. Macedo disse que não tem ligação com milícias.
Disse ainda que ele mesmo começou a construir o prédio 25 anos atrás e que apenas pessoas da família dele moravam no local. Admitiu que a obra não tem engenheiro ou arquiteto responsável e que usou seus conhecimentos e sua experiência como pedreiro para erguer os andares. Confessou que foi construindo cada andar conforme a família ia aumentando.
Macedo é pai de Nathan de Souza Gomes, de 30 anos, e avô de Maitê Gomes Abreu, de 2 anos, as duas pessoas mortas no desabamento. Se confirmado que ele construiu o imóvel, será descartada a suposição de que o imóvel teria sido erguido por milicianos, como é comum na região de Rio das Pedras.
Macedo disse no depoimento que não sabia haver qualquer tipo de problema com o imóvel. Ele relatou, porém, que há cerca de 15 dias uma janela do imóvel estourou, o que já podia ser os primeiros sinais de movimentação da estrutura, mas se pensou que tivessem jogado alguma pedra contra a vidraça.
A Secretaria Estadual de Polícia Civil do Rio montou uma força-tarefa reunindo quatro delegacias. Estão no grupo a 16ª DP, 32ª DP, Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente e Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais.
Vão apurar as circunstâncias do desabamento do prédio e o possível envolvimento de milicianos em construções irregulares na região. Policiais civis foram ao local e conversaram com testemunhas e vítimas. A perícia será realizada assim que os bombeiros terminarem o trabalho nos escombros.
Segundo nota emitida na tarde desta quinta-feira pela Polícia Civil, diligências estão sendo realizadas para esclarecer as causas do desabamento e o possível envolvimento de milicianos em outros empreendimentos imobiliários da região.
Seis imóveis vizinhos tiveram que ser interditados depois de serem afetados pelo desabamento. O corpo do homem foi o último a ser resgatado dos escombros pelos bombeiros, no início da tarde. A mulher que perdeu marido e filha está no Centro de Terapia Intensiva (CTI) e tem quadro de saúde grave e instável.
Maria Quiara Abreu, de 26 anos, foi levada para o Hospital Miguel Couto, na Zona Sul, após ser retirada dos escombros – ela estava no mesmo cômodo de Nathan Gomes e Maitê Gomes Abreu. A outra vítima do desabamento, uma mulher de 28 anos, também segue internada, mas o quadro de saúde é considerado estável.
Nataniela de Souza Brás está no Hospital Lourenço Jorge, na Zona Oeste. Às nove horas desta sexta-feira (4), a prefeitura do Rio de Janeiro retomou o trabalho de remoção dos escombros. Ao todo, segundo o Executivo carioca, 60 pessoas de diferentes áreas estão mobilizadas na operação.
Inclui a retirada de entulhos, vistorias e auxílio a moradores. Ainda é prevista a demolição de mais dois prédios. Após a limpeza da área afetada, as pastas de Conservação, Infraestrutura e a Defesa Civil analisarão o risco de desabamento de outros imóveis do entorno.