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RP quer subsidiar PróUrbano

ALFREDO RISK

A prefeitura de Ribeirão Preto quer repassar subsídio de R$ 17 milhões ao Consórcio PróUrbano – grupo concessio­nário do transporte coletivo na cidade, formado pelas viações Rápido D’Oeste (50%) e Trans­corp (50%) – para compensar parte do desequilíbrio finan­ceiro causado no setor pela pandemia de coronavírus.

A proposta foi protoco­lada na Câmara de Verea­dores na última quinta-fei­ra, 27 de maio, e prevê uma parcela de R$ 5 milhões re­ferente às perdas entre mar­ço e dezembro do ano passa­do e mais seis prestações de R$ 2 milhões cada, referentes ao prejuízo já contabilizado ou que será provocado pela pandemia este ano.

Segundo o projeto, a des­tinação de recursos poderá retroagir, no máximo, até a data da publicação do decre­to municipal nº 69, de 19 de março de 2020, que reconhe­ceu o estado de emergência em saúde pública por força da covid-l9, perdurando até o fim da pandemia declarada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), pelo Ministé­rio da Saúde ou da situação sanitária específica.

O subsídio foi decidido após análise de um dossiê com as perdas e o custo ope­racional o transporte coletivo protocolado pelo PróUrbano nas secretarias municipais da Fazenda e da Administração. A prefeitura pagará ao con­sórcio apenas valores refe­rentes ao custo operacional do serviço que, em virtude da pandemia de covid-19, não possa ser coberto pela arre­cadação das tarifas.

Os componentes do custo operacional são aqueles refe­rentes à mão de obra e encar­gos, ao combustível, à frota e às instalações necessárias à prestação do serviço. Se­gundo dados da Empresa de Trânsito e Transporte Urbano de Ribeirão Preto (Transerp), durante a pandemia de co­ronavírus, que começou em março do ano passado, o custo operacional do PróUrbano foi de R$ 101.511.060,98. Já a re­ceita de R$ 65.651.272,17. Ou seja,m acumula déficit de R$ 35.859.788,81

No projeto, a prefeitura argumenta que a adoção de medidas para reduzir a circu­lação de pessoas na cidade tem resultado em queda vertigino­sa na demanda por transporte público, ao mesmo tempo em que os custos para prestação desse serviço estão maiores, notadamente em razão dos su­cessivos aumentos no preço do óleo diesel e de outros insumos desde meados de 2019.

Cita que outras cidades como Limeira (SP) e Curiti­ba (PR) já criaram legislação específica para dar aporte e auxílio às empresas conces­sionárias do transporte cole­tivo urbano. E que, a exem­plo destas cidades, a proposta de Ribeirão Preto é específica para o período da pandemia de covid-19, com o objetivo de não prejudicar a continuidade do transporte público, cobrin­do parte dos custos já compu­tados e parte dos necessários para que os serviços sejam mantidos à população.

Segundo a prefeitura, as medidas estão respaldadas pela Lei das Licitações (nº 8.666/1993), pois a pande­mia gerou danos externos, imprevisíveis no momento da celebração do contrato de concessão, assinado pela prefeitura com o ProUrba­no em 28 de maio de 2012. O acordo prevê que quando houver um fato inesperado seja realizada uma suple­mentação pelo município.

“Vale lembrar que apenas os custos de operação da con­tratada estão sendo conside­rados, afastando-se qualquer possibilidade de compensar lucros da concessionária”, diz parte do texto em que a prefeitura de Ribeirão Preto justifica aos vereadores a ne­cessidade de repasse.

“Além disso, os aportes financeiros objetivados por este Projeto de Lei são limi­tados pela capacidade finan­ceira do Município, de modo que o montante total máxi­mo e possível de ser pago é de R$ 17.000.000,00, inde­pendentemente dos preju­ízos e gastos comprovados pela concessionária serem maiores – conforme já se comprova pela documenta­ção analisada e apresentada pela Transerp”, completa.

Em contrapartida, o PróUr­bano terá de colocar em circu­lação ônibus suficientes para evitar superlotação. O trans­porte coletivo de Ribeirão Pre­to tem 118 linhas, 356 veícu­los e cerca de 600 motoristas. Por causa da pandemia, tem operado com 80% da frota. Segundo o diretor presiden­te do consórcio ProUrbano, o empresário Roque Felício Netto, o grupo tem enfren­tado problemas financeiros desde março do ano passado, por causa da queda do fluxo de passageiros.

O empresário argumenta que a interrupção da gratuida­de dos estudantes no transpor­te coletivo por causa da sus­pensão das aulas presenciais também acabou contribuindo para o agravamento da crise. Antes, a prefeitura fazia o re­passe mensal pela gratuidade dos estudantes. Entretanto, sem estes recursos deixaram de entrar por mês no caixa do PróUrbano cerca de R$ 1 mi­lhão. O ultimo repasse feito foi em março do ano passado no valor de R$ 520 mil. O projeto não tem data para ser coloca­do em votação. No mandato anterior do prefeito Duarte Nogueira (PSDB), entre 2017 e 2020, a Câmara barrou repas­ses ao consórcio.

Atraso salarial e vacina causaram greve em RP
No início desta semana, os cerca de 600 motoristas de ônibus do consórcio entraram em greve por causa do atraso na vacinação con­tra a covid-19 e pelo não pagamento do vale salarial, que deveria ter sido depositado no dia 20. A paralisação prejudicou cerca de 90 mil passageiros entre os dias 24 e 25. O movimento paredista terminou na quarta-feira (26), mas o crédito não foi efetuado.

A categoria voltou ao trabalho depois que o desembargador Fran­cisco Alberto da Motta Peixoto Giordani, doTribunal Regional do Trabalho da 15ª Região (TRT-15), concedeu liminar ao Consórcio PróUrbano e determinou a volta gradual da circulação dos ônibus do transporte público. Porém, na quinta-feira (27) começou o lockdown em Ribeirão Preto e o serviço foi suspenso. A volta está prevista para terça-feira 1º de junho, se as medidas mais severas de restrições não forem prorrogadas.

A Justiça do Trabalho estipulou que, em horários normais, ao menos 35% dos ônibus da frota disponível na pandemia, de aproximada­mente 248 veículos, deveriam rodar pela cidade. Nos horários de pico, compreendidos das seis às oito horas da manhã e das 17 às 19 horas, a quantidade sobe para 50%.

O Consórcio PróUrbano conta com 356 veículos que cumprem 118 linhas em Ribeirão Preto, mas na pandemia o grupo trabalha com 80% de seu potencial.

Em caso de desobediência, o Sindicato dos Empregados em Empre­sas de Transporte Urbano e Suburbano de Passageiros de Ribeirão Preto (Seeturp) terá de arcar com multa diária de R$ 1 mil por cada trabalhador.

Uma nova audiência de conciliação a ser realizada por vIdeoconfe­rência foi marcada para terça-feira. A Secretaria Municipal da Saúde aplicou na quarta-feira, 26 de maio, a primeira dose da vacina contra a covid-19 em 344 motoristas do transporte coletivo público munici­pal. Apesar de ter recebido 630 ampolas no dia 21, a pasta reservou 550 frascos para esta etapa da campanha.

Mesmo assim, apenas 62,5% dos condutores de ônibus agendaram a vacinação por meio do site da prefeitura de Ribeirão Preto. Segun­do a pasta, os outros 106 profissionais que não se credenciaram (37,5%) são de outros grupos prioritários, como idosos acima de 60 anos ou pessoas com comorbidades. Gilberto Ignácio foi o primeiro motorista a ser vacinado contra a covid-19 em Ribeirão Preto. A vacinação teve início às oito horas e ocorreu na sede da Empresa de Trânsito e Transporte Urbano (Transerp).

Custo operacional durante pandemia de coronavírus
Quilometragem percorrida 20.151.879 quilômetros
Custo por quilômetro rodado R$ 5,0373
Custo operacional do período R$ 101.511.060,98
Receita do PróUrbano no período1 R$ 65.651.272,17
Déficit do período R$ 35.859.787,91
Dados de janeiro 2020 (Antes da pandemia) Passageiros transportados – 3.840.770 Passageiros pagantes – 2.244.477 Receita no mês – R$ 9.351.721,12
Dados março de 2021 (Ápice da pandemia) Passageiros transportados c 1.951.225 Passageiros pagantes – 1.191.742 Receita no mês – R$ 4.846.295,12
Fonte: Transerp

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