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Dois viadutos e um túnel inacabados no meio do caminho

J.F. PIMENTA

A empresa Contersolo, responsável pela construção de dois viadutos na Avenida Brasil, zona Norte da cidade e de um túnel ligando as ave­nidas Independência e Pre­sidente Vargas, quer reajuste no valor dos contratos assi­nados com a Prefeitura para a conclusão dos equipamen­tos viários. Ela argumenta que em função da pandemia do coronavírus e o aumento do preço dos insumos para a produção do aço, o preço do produto aumentou em até 100%. De acordo com levantamento da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), o incremento no preço do aço, de janeiro a de­zembro 2020, foi de 108% nos distribuidores e de 85% para quem compra direto da usi­na produtora. A justificativa para os reajustes é a alta ex­pressiva das matérias-primas – minério de ferro (mais de 80% no ano passado), carvão, sucata de aço, valorização do aço no mercado global, além do câmbio. Sem os reajustes, as obras foram paralisadas.

Viaduto sobre a Avenida Thomaz Alberto Whately foi iniciado em abril do ano passado. Previsão inicial é que ficasse pronto em 14 meses, ou seja, em junho deste ano

O reajuste no contrato, que é previsto na Lei Federal de Licitações quando ocorrer desequilíbrio no contrato por algum motivo externo e de força maior, está sendo dis­cutido com o município. A Secretaria de Obras Públicas informou que o pedido de Reequilíbrio Econômico e Fi­nanceiro está sendo analisa­do pela Prefeitura e pelo De­partamento Jurídico quanto a sua pertinência. Informou ainda que não há prazo para a concessão de reequilíbrio, sendo prioridade o atendi­mento ao interesse público.

Viaduto em construção no cruzamento das avenidas Brasil e Mogiana deveria ter sido concluído em janeiro

 

O primeiro viaduto em construção fica no cruza­mento das avenidas Brasil e Mogiana. Tem um custo total de R$ 19.870.000,00 e teve as obras iniciadas em novem­bro de 2019. Pelo contrato a previsão de conclusão era de 14 meses. Portanto, deveria ter sido concluído em janei­ro. Atualmente está com 62% das obras concluídas.

Já o segundo viaduto, so­bre a Avenida Thomaz Alber­to Whately tem custo total de R$ 13.284.955,62 e foi inicia­do em abril do ano passado. A previsão inicial é que fi­casse pronto em 14 meses, ou seja, em junho deste ano. Atualmente 44% do viaduto estão concluídos. Com nove metros de altura em seu pon­to mais alto e 110 metros de extensão, o viaduto irá bene­ficiar cerca de 3,2 mil veícu­los que passam pela avenida Brasil e 2,8 mil que passam pela Thomaz Alberto Wha­tely nos horários de pico.

O vendedor Nilson de Souza relata que obras fizeram o movimento da loja cair em 70%

A empresa também para­lisou a construção do túnel que deverá ligar as avenidas Independência e Presidente Vargas, passando por baixo da Avenida Nove de Julho. A obra em um dos cruza­mentos mais movimentados de Ribeirão Preto chegou a 13% do seu andamento pre­visto. Os 180 metros do túnel escavados em um cruzamen­to que, em horários de pico, atingia um fluxo de cerca de 3 mil veículos.

Enquanto negocia o re­ajuste dos contratos com o município a construtora de­cidiu paralisar as obras e de­mitir trabalhadores. No total foram demitidos 60 pessoas. Ao Tribuna a Secretaria de Obras Públicas afirmou que já notificou a empresa para que retome as obras, mas ad­mite, contudo, que os viadutos devem demorar mais tempo para serem terminados.

Construção do túnel que deverá ligar as avenidas Independência e Presidente Vargas, por baixo da Avenida Nove de Julho: obra chegou a apenas 13% do seu andamento previsto

No dia 23 de abril a Prefei­tura publicou no Diário Ofi­cial do Município (DOM) atualização dos preços para construção do viaduto da Avenida Brasil com a Mo­giana. Segundo o extrato de rerratificação do acordo, o preço da obra saltou de R$ 19,8 milhões para R$ 20,4 milhões. A Prefeitura afir­mou que esse reajuste é re­ferente a atualização anual prevista em contrato, que tem como base a inflação do período. O município tam­bém realizou realinhamento no valor da obra do viaduto da Avenida Thomaz Alberto Whately aumentando o valor de R$ R$ 13,2 milhões para R$ 13,8 milhões.

Prejuízo e transtornos aos comerciantes
Enquanto a Prefeitura e a Contersolo não entram em acordo, os comerciantes da região dos dois viadutos con­tabilizam prejuízos. Este é o caso da empresa Stop Auto Peças, localizada próximo às obras do viaduto das aveni­das Brasil e Thomaz Alberto Whately. Segundo o vende­dor Nilson de Souza as obras fizeram o movimento da loja cair em 70%.

Como o viaduto vai me­lhorar o trânsito na região, a queda das vendas foi par­cialmente assimilada. Mas estava na programação, des­de que fosse concluído den­tro do prazo previsto. “Com esta paralisação o prejuízo será maior e por mais tem­po”, afirma.

Na oficina do mecânico João Victor, na Avenida Mogiana, dos 13 funcionários, restaram dois. Já o número de clientes por dia dimi­nuiu de cerca de 12 para apenas dois

Situação semelhante vive o mecânico João Victor que trabalha em uma ofici­na próxima ao viaduto da Avenida Mogiana. Com a pandemia e as obras no lo­cal o movimento da oficina diminuiu 80%. Com a que­da a empresa que tinha 13 funcionários passou a ter apenas dois. Já o número de clientes por dia diminuiu de cerca de 12 para apenas dois. “Eles têm que acabar logo essa obra senão muita gente terá que fechar as por­tas”, finaliza.

Projeto quer divulgação das obras paralisadas da Prefeitura
Uma proposta em análise pela Câmara de Vereadores de Ribei­rão Preto quer ampliar a publici­dade e a transparência das obras públicas municipais paralisadas na cidade, os motivos e período da interrupção e a nova data prevista para término delas.

De autoria de Alessandro Maraca (MDB) o projeto de lei estabelece que a Prefeitura passe a divulgar no seu site oficial essas informa­ções e os dados do órgão público, concessionária ou empresa res­ponsável pela obra. A proposta considera obra paralisada a que tiver as atividades interrompidas por mais de trinta dias.

“Infelizmente temos acompa­nhado diversas obras públicas paralisadas em nossa cidade. Considerando a dificuldade em obter informações rápidas e claras quanto às motivações, apresentamos a presente lei buscando publicidade e trans­parência de fácil acesso a todos os cidadãos, através de publici­dade no site eletrônico oficial da Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto”, afirma o parlamentar na justificativa do projeto. O projeto ainda não tem data para ser votado em plenário.

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