O sambista Nelson Sargento, de 96 anos, morreu na manhã desta quinta-feira, 27 de maio, no Instituto Nacional de Câncer (Inca), onde estava internado com covid-19 desde o último dia 20. Foi um dos primeiros cariocas a tomar a vacina contra o novo coronavírus.
No último sábado (22), o sambista foi transferido para a UTI do Instituto Nacional de Câncer (Inca), após testar positivo para o novo coronavírus e mostrar um agravamento do quadro respiratório. Ele chegou a ser intubado como a autorização da família.
Nelson Sargento tratava de um câncer desde 2005, quando foi descoberto um tumor na próstata. Ele já tinha tomado as duas doses da vacina contra a covid-19, a última em 26 de fevereiro. Morto um mês antes de completar 97 anos, o compositor, cantor, pintor, ator, presidente de honra da Estação Primeira de Mangueira e torcedor do Vasco foi mais um brasileiro vítima da covid-19.
Nelson Mattos nasceu na Santa Casa de Misericórdia, no Centro do Rio de Janeiro, em 25 de julho de 1924. Quando tinha 12 anos passou a frequentar a Unidos da Mangueira. Era uma escola de samba concorrente da Estação Primeira que existiu ao longo dos anos 1930. A Unidos foi frequentada também por Geraldo Pereira (1918-1955), autor de sambas clássicos como “Sem compromisso” e “Falsa baiana”.
Além de Geraldo Pereira, na Mangueira Nelson também se tornou amigo de Cartola (1908-1980) e Nelson Cavaquinho (1911-1986), que lhe ensinaram a tocar violão. Alfredo Português, por sua vez, ensinou o enteado a pintar paredes, tarefa que ele começou a realizar profissionalmente em 1941, aos 17 anos.
Àquela altura, a Unidos da Mangueira já deixara de existir, e Nelson passara a integrar a Estação Primeira de Mangueira. Percebendo seu gosto e sua aptidão pela música, o padrasto e Carlos Cachaça (1902-1999), um dos fundadores da Mangueira, convenceram Nelson a se integrar à ala de compositores da Mangueira em 1942.
Além de compor mais de 400 canções, Sargento pintou quadros, escreveu livros de prosa e poesias e atuou como ator. Desde 2013 Sargento era presidente de honra da Mangueira. Substituiu o mestre-sala Delegado, morto em novembro de 2012, aos 90 anos. Casado com Evonete Belizario Mattos, Sargento deixa seis filhos biológicos e três adotivos.