Os motoristas de ônibus de Ribeirão Preto paralisaram as atividades nesta segunda-feira, 24 de maio, por tempo indeterminado. O protesto é contra o atraso no pagamento do vale mensal deste mês, que deveria ter sido creditado na quinta-feira, 20 de maio, e para cobrar o início da campanha de vacinação contra a covid-19 – a imunização deste grupo no estado de São Paulo teve início no dia 18, mas a Secretaria Municipal da Saúde dependia da chegada de novos lotes da vacina.
O pagamento do vale dos motoristas corresponde a cerca de R$ 1 milhão. O Tribuna apurou que uma proposta para o pagamento do vale, junto com o salário de maio, em 5 de junho, foi recusada pela categoria. Portanto, a greve continua por tempo indeterminado.
A Secretaria Municipal da Saúde anunciou ontem que vai imunizar a categoria nesta quarta-feira (26). Cerca de 90 mil pessoas foram afetadas, a maioria de trabalhadores, grande parte de cidades da região. Por causa da greve, o preço da corrida no transporte individual por aplicativo disparou.
Em alguns casos saltou de R$ 10 para R$ 55 para uma corrida de seis quilômetros de distância, 450% de aumento. Os ônibus nem saíram das garagens. A paralisação pegou todo mundo de surpresa. O Sindicato dos Empregados em Empresas de Transporte Urbano e Suburbano de Passageiros de Ribeirão Preto (Seeturp) não emitiu comunicado e a população foi prejudicada.
O Consórcio PróUrbano conta com 356 ônibus que cumprem 118 linhas em Ribeirão Preto. Emprega cerca de 600 motoristas. Até domingo (23) estava operando com 80% da frota por causa da quarentena imposta pelo coronavírus.
Segundo Roque Felício Netto, diretor presidente do Consórcio PróUrbano – grupo concessionário formado pelas viações Rápido D`Oeste (40%), Transcorp (30%) e Turb (30%) –, o pagamento não foi realizado por falta de dinheiro em caixa. O empresário lembra que, desde março do ano passado, com o início da pandemia de coronavírus, as empresas têm enfrentado problemas financeiros em função da queda do fluxo de passageiros.
“Ao longo deste período todo temos feito financiamentos para honrar nossos compromissos. Mas, agora, infelizmente, não houve como fazê-lo”, afirma. Apesar de previsto em acordo coletivo da categoria, o empresário afirma que o atraso não justificaria uma paralisação sem que se tentasse uma negociação e em descumprimento às exigências legais, como a de comunicar a intenção da greve com 72 horas de antecedência e a manutenção de 30% da frota em circulação.
O empresário argumenta que a interrupção da gratuidade dos estudantes no transporte coletivo, por causa da suspensão das aulas presenciais, também acabou contribuindo para o agravamento da crise. Antes da interrupção a prefeitura fazia o repasse mensal, bancava as passagens deste grupo. Entretanto, sem estes recursos, cerca de R$ 1 milhão mensais deixaram de entrar no caixa do PróUrbano.
O último repasse ocorreu em março do ano passado, no valor de R$ 520 mil. Estabelecida por lei municipal em 2012, a gratuidade para estudantes beneficia alunos de escolas públicas que se cadastraram para ter o benefício. Na prática, é a prefeitura quem repassa mensalmente para o Consórcio PróUrbano o valor que seria pago pelos estudantes. Segundo dados da Empresa de Trânsito e Transporte Urbano (Transerp) do ano passado, tinham direito à gratuidade 13.061 estudantes de escolas públicas estaduais ou municipais.
Roque Felício Netto afirma ainda que um dossiê com todos os dados sobre o desequilíbrio financeiro no contrato de concessão foi protocolado em ação administrativa na Transerp e na Secretaria Municipal da Administração.
O PróUrbano deverá recorrer ao Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região (TRT- 15) para tentar encerrar a paralisação. A categoria também exige o início da vacinação contra o coronavírus (leia nesta página), que será realizada na quarta-feira (26). De acordo com a Secretaria Municipal da Saúde, na sexta-feira (21).
A vacinação de cobradores e motoristas de ônibus municipais e intermunicipais do estado de São Paulo começou em 18 de maio. A previsão é de que sejam imunizados 165 mil trabalhadores contra a covid-19. A vacinação dos trabalhadores do transporte público começou no dia 11 com a imunização dos funcionários do Metrô e da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) com mais de 47 anos de idade.
Saúde vai vacinar motoristas de RP
A Secretaria Municipal da Saúde vai disponibilizar, a partir das 8h30 desta terça-feira, 25 de maio, o agendamento para a aplicação da primeira dose da vacina contra a covid-19 em motoristas do transporte coletivo público municipal. O Consórcio PróUrbano conta com 356 ônibus que cumprem 118 linhas a cidade. Antes da pandemia, empregava cerca de 800 motoristas.
Serão vacinados somente os motoristas que realizarem agendamento pelo portal da prefeitura de Ribeirão Preto. Para este grupo, a vacinação acontecerá nesta quarta-feira, 26 de maio, a partir das oito horas, na sede da Empresa de Trânsito e Transporte Urbano de Ribeirão Preto (Transerp), na rua General Câmara nº 2.910, Jardim Presidente Dutra II, Zona Norte.
Segundo a Secretaria de Estado da Saúde, foram enviadas 630 doses para imunização exclusiva deste grupo em Ribeirão Preto. O agendamento deve ser feito no site www.ribeiraopreto.sp.gov.br. Nos locais de vacinação (UBS’s), as pessoas devem apresentar algum documento oficial com foto.
Pode ser o Registro Geral (RG) ou Carteira Nacional de Habilitação (CNH), entre outros. Também deve apresentar o Cadastro de Pessoa Física (CPF), comprovante de residência atualizado, o número do protocolo de agendamento e a ficha do Cadastro Manual Vacivida preenchida.