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Selo da WarnerMedia vai investir em pelo menos cinco longas nacionais por ano

Por Mariane Morisawa, especial para o Estadão

O plano era fazer tudo pessoalmente, inclusive as reuniões com produtores e artistas brasileiros, para o lançamento do Particular Crowd no Brasil. Mas a pandemia atrapalhou. E assim o projeto do selo, que é parte do conglomerado WarnerMedia, de tocar pelo menos cinco filmes brasileiros por ano, e 15 na América Latina, começou remotamente, por sugestão de Mônica Albuquerque, responsável pela gestão de talentos de General Entertainment da WarnerMedia Latin America. “Mas espero poder ir ao Brasil em breve, assim que esse pesadelo acabar”, disse Peter Bevan, vice-presidente da WarnerMedia Latin America e chefe do selo de produção original Particular Crowd, em entrevista ao Estadão.

Segundo ele, o Particular Crowd sempre procura “Magic”, que é um acrônimo para “mainstream appeal by generating indelible creativity” – algo como “apelo mainstream gerando criatividade indelével”. O selo produz filmes no mundo inteiro, vários de língua inglesa, como Twist, uma versão moderna de Oliver Twist dirigida por Martin Owen e protagonizada por Rafferty Law, filho de Jude Law, que estreou em abril na HBO, e Fuga de Pretória, de Francis Annan e com Daniel Radcliffe, sobre dois homens condenados à prisão por sua luta contra o apartheid na África do Sul, que escapam espetacularmente do presídio, lançado no ano passado na TNT. “São filmes de gênero, terror, thriller, comédia, comédia romântica, adolescentes ou família”, explicou Bevan.

Além de trazer esta produção para a América Latina, há um movimento inverso de criar conteúdo específico para o mercado em questão. “Queremos filmes feitos no território brasileiro, por brasileiros, para brasileiros, sem nos preocuparmos tanto em alcançar o público de todas as regiões. Vamos atrás do que a audiência daquele país quer”, disse Bevan. “Temos um compromisso de apoiar o talento local. Nosso desejo é estimular e dar suporte à comunidade cinematográfica local.” Segundo ele, não interessa ser uma estrutura corporativa amorfa que só requisita longas passivamente. A ideia é se envolver no início do projeto e ajudar a indústria a florescer. “Não vemos o Brasil como um mercado emergente, porque a indústria cinematográfica no País está bem estabelecida”, explicou.

Para Peter Bevan, o público quer ver produção nacional. Por isso, a proposta é fazer conteúdo local que possa alcançar a maior audiência possível no mercado brasileiro. “Muitos realizadores nos perguntam como podem tornar seu filme mais global, como podem fazer com que seu longa brasileiro seja mais acessível não só na América Latina, mas no resto do mundo e nos Estados Unidos. E nossa resposta é sempre: não se preocupe com isso. Porque o que temos visto e revisto é que sempre o conteúdo mais acessível no mercado brasileiro, por exemplo, é o que vai ser mais acessível globalmente.” Ele cita o sucesso de Parasita, de Bong Joon-ho, que conquistou o mercado americano e o Oscar sendo intrinsecamente sul-coreano. “Focando no local, somos globais e, por conseguinte, universais, pois somos todos humanos Estamos todos cansados de ver as mesmas fórmulas genéricas. Um brasileiro pode fazer um terror mainstream sob uma perspectiva única.” Mainstream, segundo ele, não significa atender todos os públicos, ou os quatro quadrantes.

Bevan também afirmou que o Particular Crowd não quer impor nenhuma fórmula, mas ouvir o que os produtores e artistas de cada lugar estão interessados em fazer, dentro dos pilares do selo. No caso do Brasil, claro que as comédias e comédias românticas são o forte do cinema mais comercial. “E vão ser um componente importante, mas não o único”, disse Bevan, citando também uma produção adolescente e um thriller mais refinado como outros projetos já aprovados. Os filmes realizados podem ser distribuídos nas diferentes plataformas do grupo WarnerMedia, dos cinemas aos canais lineares ou plataforma de streaming.

O chefe do Particular Crowd não fala em números no que se refere a orçamentos específicos ou investimentos totais anuais, mas garantiu que o momento de indefinição no sistema de financiamento de filmes no Brasil não vai atrapalhar a produção. “Nosso compromisso não é definido pela estrutura financeira atual, nem pelas transformações que podem acontecer. Sabemos dos desafios e das mudanças. Nosso compromisso independe disso.” O único empecilho, por enquanto, é mesmo a covid-19. “Mal podemos esperar para começar a filmar, mas, claro, a segurança é primordial, e temos de aguardar até ser seguro”, disse. A ideia, ainda assim, é soltar os primeiros títulos já em 2022.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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