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Jose lui

O enfrentamento à pandemia de Covid-19 é tratado como uma verdadeira guerra e, como se sabe, as batalhas deixam milhares de mortos e um contingente maior de feridos. Assim além dos combatentes da linha de frente, os exércitos contam com diversas áreas de atuação, entre as quais, os Serviços de Intendência e de Saúde que trabalham para a manutenção da vida e sanidade de todos. Para comandar a maior batalha da história, o governo atual optou por nomear um general de divisão como ministro da saúde e lamentavelmente estamos sofrendo uma derrota gritante.

Mesmo assim, após um ano de pandemia, parece que vários brasileiros se acostumaram com os números de óbitos que superam 444 mil. Eles preferem ignorar as medidas de distanciamento físico e desprezam os protocolos sanitários. Também gostam de lembrar-se dos recuperados que já ul­trapassam 14,1 milhões. Então é justamente sobre esses que vamos tratar hoje.

Como era previsto, na maioria das pessoas a contaminação com a Covid-19 foi na forma leve e trouxe poucos dissabores. Outros não tiveram a mesma sorte e precisaram ser internados e até intubados. Quando conseguiram a recuperação foram recepcionados com festa pelos familiares e homenageados pelos valorosos profissionais da saúde. As imagens de pacientes sendo aplaudidos ao sair em cadeira de rodas e com o cartaz “venci a Covid” emocionam e trazem muita esperança.

Quando observamos que um amigo ou familiar recebe alta, vivenciamos aquela adorável sensação de alívio e agradecimento ao pessoal da saúde e, para os religiosos, à intervenção divina. O convalescente imagina que vai retomar sua vida normal e então é surpreendido por uma série de complicações e sequelas mode­radas e até graves. As consequências mais conhecidas do vírus são refletidas nos pulmões, cérebro, fígado, pâncreas, sistema vascular, pele, coração, rins e intestino.

Os relatos mais comuns são de falta de ar, fadiga, dores musculares e de cabeça, queda de cabelo, tontura, palpitações, tromboses, ansiedade e depressão. Estudos iniciais apontam que até 17% dos recuperados tiveram que ser hospitalizados nova­mente e 7% morreram até seis meses após a alta.

Superado o período de internação será importante fazer uma recuperação física e respiratória. Diante da flagrante letargia do Ministério da Saúde, é fundamental que estados e municípios comecem a organização de serviços ambulatoriais para atendimento ao volumoso contingente de pacientes. Para tanto é prioritária a formação e qualificação de equipes multiprofissionais integradas por educadores físicos, fisiote­rapeutas, psicólogos, nutricionistas, cardiologistas, pneumo­logistas, neurologistas, infectologistas entre outros. Também imprescindível estruturar os serviços de exames diagnósticos laboratoriais e de imagem. Tudo sem esquecer-se de incre­mentar a estrutura SUS existente que já encontrava dificulda­des em atender todas as demandas de saúde antes da Covid.

Inegável que os desencontros na abordagem da crise sa­nitária foram flagrantes e as instâncias devidas devem apurar as responsabilidades com rigor. Faltaram profissionais, leitos, equipamentos, medicamentos, oxigênio e insumos em geral. Faltou, ainda, efetividade na aquisição de vacinas. A inope­rância do governo federal certamente colaborou para que mi­lhares de vidas fossem ceifadas. Se a tragédia não era evitável, pelo menos seus danos poderiam ter sido reduzidos. Agora entramos em outro estágio e, se a agressividade do vírus e a falta de conhecimento sobre sua ação eram desculpas, agora não há nada que justifique a ausência de estrutura adequada para atendimento integral aos que conseguirem sobreviver.

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