A JAV Engenharia, empresa responsável pela reforma do Teatro de Arena Jaime Zeiger, no Parque Municipal Morro do São Bento, no Jardim Mosteiro, suspendeu as obras e a conclusão da intervenção não tem mais data definida. Segundo cláusula contratual, o prazo para entrega do equipamento termina neste sábado, 15 de maio.
Porém, a construtora exige que o valor previsto em contrato seja reajustado por causa do aumento de preços dos materiais, principalmente da parte elétrica. Mesmo após a conclusão da reforma, a reinauguração ainda deve demorar um pouco para ocorrer. A realização de espetáculos e eventos e a presença de público dependem de como será a evolução da pandemia de coronavírus e a vacinação contra a covid-19.
As obras estão sendo realizadas pela JAV Engenharia desde o final de agosto do ano passado. O valor do contrato é de R$ 676.388,82, economia de 15% em relação aos R$ 795.909,91 previstos em edital, desconto de R$ 119.521,09. Segundo a Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, a ordem de serviço foi expedida pelo prefeito Duarte Nogueira (PSDB) na primeira quinzena de agosto do ano passado.
Por meio de nota enviada ao Tribuna, a Coordenadoria de Comunicação Social (CCS) informa que “no final do mês de abril a empresa solicitou reequilíbrio econômico do contrato, alegando significativo aumento de preços de materiais (principalmente elétricos), porém, o pedido não foi aceito por estar em desacordo com a legislação pertinente e desde então a execução da obra foi suspensa pela empresa”.
Diz ainda que a Secretaria Municipal de Cultura e Turismo “já notificou a empresa das implicações contratuais, caso não retome a reforma, estando no prazo regular de manifestação da contratada. A construtora também foi notificada da necessidade de prorrogação do contrato. Diante da situação, não há previsão de conclusão da reforma”, ressalta.
A reforma prevê obras de revitalização e modernização do espaço cultural, que nos últimos anos foi alvo de depredação e furtos. A verba foi solicitada ao MTur pelo deputado federal Baleia Rossi (MDB-SP) junto ao MTur. Os recursos estão sendo aplicados na recuperação e na reposição da fiação elétrica e dos equipamentos hidráulicos, na substituição e na renovação do elevador para atendimento da acessibilidade, sistema de câmera de circuito fechado para monitoramento e segurança, revitalização e modernização do espaço.
Alvo de uma reforma de R$ 1,3 milhão entre 2012 e 2013, o Teatro de Arena foi vítima de inúmeros furtos de fiação elétrica e acabou interditado em agosto de 2016. Nesse período, até o elevador destinado para pessoas com necessidades especiais foi furtado. Vândalos também levaram torneiras, maçanetas, mobiliário, peças de louça e até o painel de controle da energia elétrica.
Depois da reforma, o local foi reformado e aberto ao público em 2014, quando contou com 27 apresentações diversas. O mesmo aconteceu no ano posterior, em 2015, quando foi fechado. Em 2019, mesmo fechado, o Teatro de Arena foi palco da Seletiva de Bandas do Festival João Rock, simpósio da música eletrônica, shows de hip hop no aniversário de Ribeirão Preto e ensaios do grupo Maracatu Chapéu de Sol.
História do Teatro de Arena Jaime Zeiger
O Teatro de Arena Jaime Zeiger completou 50 anos em 2019. Foi inaugurado em 1969, idealizado e construído por Jaime Zeiger numa meia-encosta, em uma área de aproximadamente seis mil metros quadrados. Zeiger realizou pesquisas em vários países da Europa e Oriente Médio para a escolha do local ideal: topografia que favoreceria a qualidade acústica do teatro.
Foi o primeiro teatro de arena construído no interior do Estado de São Paulo. A peça “Antígona” (de Sófacles) foi o primeiro espetáculo teatral apresentado no espaço cultural. Em 1980, o local ganhou o nome de seu idealizador, Jaime Zeiger. Em 1986, 17 anos depois da abertura, passou pela primeira grande reforma. O espaço foi reinaugurado um ano depois, em 1987, com show de Jorge Mautner e Nelson Jacobina.
Também já passaram pelo palco do Arena nomes como Gilberto Gil, Vinicius de Morais, João Gilberto, Novos Baianos, Cartola e Os Mutantes. O último nome de peso a se apresentar no local foi Paulinho da Viola, em 2015. A arquibancada do Arena possui 15 degraus e abriga duas mil pessoas sentadas. Até a reforma em 2013, o palco era cercado por um fosso d’água. Após a intervenção, o local foi preenchido com pedras brancas.