A variante manauara do coronavírus, a P.1, já responde por nove em cada dez amostras de Sars-CoV-2 – causador da covid-19 – analisadas em Ribeirão Preto e nas demais 25 cidades da área de abrangência do 13º Departamento Regional de Saúde (DRS-XIII). Os números constam de relatório publicado no sábado, 1º de maio, pelo Instituto Adolfo Lutz, que analisou 1.718 amostras genéticas coletadas em todo o estado de São Paulo.
Alta chega a 10%. No estudo divulgado em 27 de abril, quando Adolfo Lutz analisou 1.439 sequências genéticas e 21 linhagens diferentes no estado, a prevalência na região de Ribeirão Preto era de 78,95%. Ou seja, oito em cada dez testes positivos de covid-19 apontaram a incidência da variante de Manaus (AM). A área de abrangência do DRS-XIII é a maior em termos proporcionais entre todos os 17 departamentos de saúde paulistas.
No final de abril, a prevalência da variante de Manaus em todo o estado de São Paulo era de 90%. A variante P.1 pode ser até 2,4 vezes mais contagiosa do que as linhagens originais do Sars-CoV-2, aponta um artigo publicado na revista Science, com participação da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).
Em Ribeirão Preto, capital da Região Metropolitana que reúne mais 33 cidades, além de 88,57% dos testes apontarem para a variante P.1, também circula a P.2, que responde por 5,71% dos testes (seis em cada dez), além da B.1.1.7, presente em 2,86% das análises, e a N.9, encontrada em 2,86% dos casos – três de dez em cada caso.
A DRS-V, de Barretos, também registra alta incidência da variante P.1, encontrada em 86,27% dos testes analisados pelo Adolfo Lutz (quase nove em cada dez). Em menos de uma semana, o aumento percentual foi de 25,16%, o que elevou a região da sexta para a segunda posição no ranking de prevalência por região.
Já na DRS-VIII, de Franca, a incidência da P.1 entre os testes cresceu 10,24%, saltando de 54,55% para 64,79% – quase sete em cada dez . A alta, porém, é menor do que a observada em outras regiões. Na semana anterior, ocupava a nona posição no ranking de prevalência por DRS e, neste sábado, passou à 11ª.
A região do DRS XIII é formada por Ribeirão Preto, Altinópolis, Barrinha, Batatais, Brodowski, Cajuru, Cássia dos Coqueiros, Cravinhos, Dumont, Guariba, Guatapará, Jaboticabal, Jardinópolis, Luis Antônio, Monte Alto, Pitangueiras, Pontal, Pradópolis, Santa Cruz da Esperança, Santa Rosa de Viterbo, Santo Antônio da Alegria, São Simão, Serra Azul, Serrana e Sertãozinho.
O índice pode estar associado à elevação dos casos, mortes e hospitalizações observada desde o início do ano, avaliam pesquisadores. Em abril, o secretário municipal da Saúde de Ribeirão Preto, Sandro Scarpelini, havia dito que entre 60% e 80% dos casos deste ano na cidade eram da variante de Manaus (AM), a P.1.
O estudo também mostra uma evolução desta variante no decorrer dos três primeiros meses deste ano. Em janeiro ela representava 20% dos sequenciamentos, sendo que em fevereiro correspondia a 40% e em março 80%.
A P.1 é considerada pelas autoridades sanitárias uma “variante de atenção” devido à possibilidade de maior transmissibilidade ou gravidade da infecção.“O aumento dos casos, internações e óbitos que identificamos especialmente no primeiro trimestre deste ano pode estar relacionado à maior circulação desta variante de atenção”, explica a coordenadora de Controle de Doenças, Regiane de Paula.
“Nossas equipes seguem analisando em múltiplas frentes este vírus, contribuindo com a Ciência e com as ações de combate à covid-19”, diz. Até outubro do ano passado, a variante B.1.1.28 predominava e chegou a ultrapassar 90% das sequências. Havia também a B.1.1.33 que chegou a alcançar 30% das amostras.
Ambas sofreram mutações e deram origem a duas novas variantes, respectivamente: a P.2 e a N.9, que surgiram no último bimestre de 2020. Em novembro, a variante inglesa B.1.1.7 passou a circular no Estado e, a partir de dezembro, a P.1 (derivada da B.1.1.28).
Há centenas de variantes do novo coronavírus ao redor do mundo e, atualmente, somente três são consideradas variantes de atenção pelas autoridades sanitárias nacionais e internacionais: P.1, B.1.1.7 e B.1.351. O panorama do Adolfo Lutz indica que as duas primeiras circulam mais efetivamente em São Paulo.
Existem também as chamadas “variantes de interesse” que também são monitoradas, mas não sugerem alterações significativas no comportamento da pandemia. A saber: B.1.1.28, que sofreu mutação e deu origem à P.2; B.1.1.33 e sua “derivada” N.9. Elas representam menos de 10% dos sequenciamentos feitos no Estado.
Até 27 de abril haviam sido confirmados após análise e confirmações do Lutz e do Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE) 164 casos autóctones das três variantes de atenção. Na região são dois em Ribeirão Preto, um em Cravinhos, um em Guaíra, um em Guariba, oito em Mococa, um em Morro Agudo, um em Orlândia, um em Pitangueiras, um em Pontal, três em Taquaritinga e um em Terra Roxa. Não foram confirmados casos de B.1.1.7 e B.1.351.