Promover uma inclusão eficaz dos alunos com deficiência é um dos desafios da escola que o Brasil vem construindo ao longo dos últimos anos. Embora muitos avanços tenham vindo à esteira da Lei Brasileira de Inclusão, sancionada em 2015, ainda resta um longo caminho até que esses estudantes estejam realmente integrados ao ensino regular. Passo a passo, esse caminho vai ganhando trilhas importantes.
Em Ribeirão Preto um projeto do vereador Maurício Gasparini (PSDB) quer incluir a Língua Brasileira de Sinais (Libras) como disciplina curricular obrigatória para crianças surdas ou ouvintes nas instituições públicas e particulares da cidade. Ela seria incluída desde a educação infantil até o ensino fundamental. De acordo com o projeto, caso seja aprovado, os professores surdos terão prioridade para ministrar as aulas de Língua Brasileira de Sinais.
Segundo a justificativa do projeto, a linguagem é parte integrante no desenvolvimento do ser humano e, a falta dela, cria graves consequências para o individuo, seja no desenvolvimento emocional, social ou intelectual. A justificativa do parlamentar diz ainda que devido a deficiência auditiva, a fala fica prejudicada e não são raros os casos em que ela não é desenvolvida.
De acordo com a Secretaria Municipal de Educação de Ribeirão Preto até o ano passado existiam 18 alunos com deficiência auditiva nas escolas municipais. Antes da pandemia do coronavírus, que provocou a suspensão das aulas presenciais, eles eram acompanhados por duas professoras de Libras. Elas realizavam um atendimento itinerante nas escolas de educação infantil para desenvolver a comunicação desses alunos logo no início da idade escolar.
Além do atendimento itinerante, os professores também realizavam o atendimento nas escolas polos, no contra turno escolar do aluno, sendo esse aluno da própria unidade escolar ou de outra unidade que necessita desse atendimento.
Libras para todos
A cidade de Olímpia, município do interior paulista da região de Barretos, decidiu ampliar a difusão da linguagem. A cidade tem uma população estimada em pouco mais de 55 mil pessoas, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Desde 2017, a Secretaria Municipal de Educação daquele município entendeu que apenas matricular crianças surdas em classes regulares não era o bastante para promover a inclusão e integração desses alunos com os colegas e professores. Até aquele ano, os estudantes surdos sinalizantes – ou seja, aqueles tinham o acompanhamento de intérpretes durante as aulas. Dessa forma, eles podiam compreender os conteúdos que estavam sendo ensinados e também fazer perguntas quando tinham alguma dúvida.
Mas o que fazer fora da sala de aula quando os estudantes estavam acompanhados somente por seus colegas falantes do Português, que não sabiam se comunicar em Libras? Foi ai que surgiu a ideia de ampliar o projeto como forma de resolver esse problema. Nascia ai o projeto de ampliação e difusão da Libras que pretende gerar a inclusão e a comunicação entre os alunos daquele município.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 9,8 milhões de brasileiros possuem deficiência auditiva, o que representa 5,2% da população brasileira. Deste total 2,6 milhões são surdos e 7,2 milhões apresentam grande dificuldade para ouvir.