Nós, humanos, e os animais, de um jeito ou de outro procuramos nos entender e o fazemos por uma linguagem própria. Temos a voz e os animais o grito, o canto, o gemido. A linguagem diferencia-se da comunicação, porque esta é a informação, a mensagem, que se transmite aos semelhantes e aos que possam interpretá-los. Na voz utilizamos o vocábulo: é a palavra verbal (como os papagaios) ou as escrevemos. Assim, todos possuem meios para transmitirem seus pensamentos, sentimentos e reações com os mais diversos impulsos, carinhosos ou de agressividade (cães de guarda, por exemplo). No futuro, é possível que a linguagem dos indígenas ou a do celular seja única para os seres humanos, uma questão de tempo apenas.
Enquanto isso, convivemos com as novidades de cada dia. É comum ouvir-se que “o governo é criminoso”. Certo? Não! Errado. Criminoso vai pra cadeia. Você já viu prenderem o governo? Pois só pode ser criminoso quem seja pessoa humana, um indivíduo, pessoa natural, não é o caso do governo.
Entendeu? Ou “parou para pensar”? Com certeza se manteve como estava –normal não frear os movimentos para pensar; é uma força de expressão. Mas não se assuste, conheço quem diz “no escuro não ouço, vem pro claro”. Parece verdade, mas receio ser um truque (ou ato falho) e estranho.
E mais: “o governo não existe”. Errado? Não! Certo. O que existe é a Administração Pública, seja dos municípios, dos estados, da União ou do Distrito Federal. São entes estatais.
A propósito, que tal falar-se “União Federal”? Certo? Não! Errado. Porque a União é uma só, sempre federal: para quê esta redundância (superabundar vocábulos, sobejar, superfluidade de palavras, insistência da mesma ideia)? Basta União.
E “Você viu o assalto?” Certo? Não! Errado. Ninguém vê assalto. Porque assalto não há. O que pode haver é roubo. Este, sim, está na lei penal. Assalto é uma figura criada pelos jornalistas, quer indicar um ataque de surpresa, que impacta, ladrões que agem subitamente, abalando a vítima.
Neste sentido, “como foi o roubo do seu carro?“ Certo? Não! Errado. Nenhum automóvel é roubado. É sempre furtado. Porque o roubo é contra a pessoa física, o indivíduo. Esta pode ser roubada, mediante violência (uso de arma, força pessoal do bandido). Quando o veículo é danificado, vidros quebrados e subtraído pelos ladrões é furto com arrombamento.
Também se diz que “os funcionários da loja são atenciosos”. Certo? Não! Errado. Loja não tem funcionários. Estes são os das atividades públicas, quando admitidos no regime do Estatuto dos Funcionários nos entes estatais. Loja tem empregados, são os da CLT. Chamá-los de “funcionários” passou a ser mais ameno, gentil, mas não confere com os direitos e obrigações que possuem. Equívoco de linguagem.
Ouve-se, por toda parte, que o Brasil tem 14 milhões de desempregados e que “continuam demitindo”. Certo? Não! Errado. Demitidos são os que se desligam, pedem demissão. Não é o que ocorre hoje. Foram dispensados, é diferente. Empregado não se auto dispensa. Esta figura não existe no direito. É equívoco, conflita com a realidade atual. Falar exige atenção, evita desentendimentos e conflitos.