Com mais de 100 anos de tradição, o Botafogo Futebol Clube tem como um dos pilares de sua história a formação de grandes craques. “Celeiro de Campeões” é o apelido que foi dado ao clube devido ao fato de nomes expressivos do futebol brasileiro terem sido formados no Pantera.
Sócrates, Zé Mario, Raí, Baldocchi, Tim, Cicinho e Doni são alguns exemplos de jogadores que surgiram no Botafogo e chegaram até mesmo a vestir as cores da Seleção Brasileira em competições importantes. À exceção de Zé Mario, todos os outros disputaram Copas do Mundo.
Entretanto, nesta semana, mais um triste capítulo foi escrito na história do Botafogo. A escolinha oficial do clube anunciou que está suspendendo suas atividades por tempo indeterminado devido às complicações financeiras causadas pela pandemia.
A escolinha do clube é administrada há mais de 10 anos pelo empresário Carlos Vitor Abduch, que afirmou em entrevista exclusiva ao Tribuna, estar abrindo mão do negócio por conta da inviabilidade.
“No final de 2019 nós fizemos um investimento alto, reformamos todos os campos, deixamos a escola um brinco. Em fevereiro de 2020 tínhamos quarenta alunos e em março esse número estava crescendo, porém veio a pandemia. Colocamos alguns funcionários para trabalhar pelo governo, mas fica nesse volta, para, volta, para. Ficamos com salários atrasados, pagando conta de energia do bolso. Com todas essas adversidades, não tinha mais jeito de continuar. Eu vi que a coisa não iria dar mais certo, uma inadimplência violenta, muitos pais desempregados”, afirmou Abduch.
“Eu chamei o Festucci para conversar e disse para ele que não dava mais para tocar a escola. Depois disso ele chamou um advogado, fez o levantamento trabalhista de todo mundo e a gente decidiu parar. Nós não podíamos deixar a dívida ficar maior”, completou.
O empresário afirmou que a escola de voltar a funcionar no futuro, mas com outro modelo de gestão e outra pessoa responsável por tocar o projeto.
“A primeira pergunta que vocês vão fazer é se vai voltar. Deve voltar sim, mas isso já não é uma resposta que deve ser dada por mim. A tendência é que retorne com outro modelo e outra pessoa. Temporariamente está paralisado e nós estamos avisando porque não queremos enganar ninguém”, finalizou.
Ao Tribuna, Osvaldo Festucci, presidente do Botafogo Futebol Clube, confirmou a paralisação momentânea das atividades e reiterou que o passo mais importante a ser dado é o acerto com os colaboradores.
“O fechamento da escolinha é momentâneo. Uma coisa de cada vez. Neste momento o mais importante é o acerto com os colaboradores, as pessoas. Temos que ter respeito por elas, e em cima disto que trabalho agora, equacionar esta questão”, disse Festucci.
“Num segundo momento verificarei outras questões, e no momento oportuno e quando eu tiver a solução para os outros problemas, todos ficarão sabendo, até porque minha gestão é marcada pela transparência e nitidez nas ações”, completou.
O mandatário botafoguense reforçou sua tristeza por precisar demitir nove funcionários num momento tão delicado e afirmou que sem alunos e atividades, não faz sentido manter a escola em funcionamento.
“Quero que saiba que para mim, em um momento tão difícil que passa o país, ter que demitir nove colaboradores é muito difícil, mas tenho que pensar na instituição e não no plano pessoal.
Simplesmente não temos alunos em função da pandemia, portanto não faz sentido mantê-la aberta, pois não há recursos financeiros para fazer frente às despesas. Mas assim que a economia for voltando ao normal agiremos, e consequentemente a escolinha retornará”, finalizou.
Atualmente o departamento de formação do Botafogo é dividido em duas partes. Alunos de 4 a 16 anos ficam na escola oficial do clube, que é gerida pelo Botafogo Futebol Clube. Já as categorias sub15, sub17 e sub20 são responsabilidade da Botafogo S/A, empresa criada para administrar o futebol profissional do Pantera.