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Um milhão de cirurgias suspensas por conta da covid-19

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Cerca de um milhão de ci­rurgias eletivas, consideradas não urgentes, foram suspensas no ano passado pelo Sistema Único de Saúde (SUS), por conta das demandas provo­cadas pela pandemia de co­vid-19. As informações cons­tam em um levantamento feito pela Associação Brasileira de Importadores e Distribuido­res de Produtos para Saúde (Abraidi). A entidade calcula que entre setores privados e públicos, a queda dos procedi­mentos cirúrgicos em 2020, foi em torno de 60%. A redução nas cirurgias eletivas foi neces­sária para liberação de recur­sos, pessoal e instalações para o combate à covid-19.

Ribeirão e região
Apesar de não haver um levantamento oficial, a Fede­ração dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo (Fehoesp) acredita que em Ribeirão Preto e região os números seguem as mesmas proporções nacionais.

“Os prejuízos que ainda te­remos são enormes em termos de vidas e não somente em re­lação às vítimas da covid-19, mas também de pessoas viti­madas por outras doenças que poderiam ter sido salvas e não foram por causa da pressão em toda a cadeia do sistema de saúde público e privado, ocor­rida pelo descontrole no ge­renciamento da pandemia no país”, ressalta Yussif Ali Mere Jr, presidente da Fehoesp.

Yussif destaca que em 2020, o país contabilizou 55 mil óbi­tos a mais de pessoas que não foram vitimadas pela covid-19. “Ou seja, faleceram por outras doenças, mas poderiam ter sido salvas. O dado foi divul­gado por um estudo intitulado Excesso de Óbitos no Brasil, da Vital Strategies”, comenta.

“Há, ainda, uma situação difícil de mensurar, mas é ób­via: quantos cidadãos tiveram seus quadros de saúde agrava­dos por causa deste cenário? Esse agravamento pode levar a óbitos precoces nos próximos anos, sequelas incapacitantes e irreversíveis, tratamentos mais complexos, transplantes etc. Vamos sofrer essas consequ­ências ainda por muito tempo”, avalia o presidente da Fehoesp.

“Só para falarmos de um problema pontual, oncologistas apontam que 50 mil diagnósti­cos de câncer deixaram de ser feitos. O British Medical Journal em artigo alerta que tratamento de câncer adiado por um mês eleva risco de morte de 6 a 13%, o que é agravado a cada mês sem tratamento”, finaliza Yussif.

Com um possível cenário de aumento na procura por cirurgias e tratamento de ou­tras doenças e prolongamen­to da pandemia de covid-19 o sistema de saúde já pratica­mente colapsado deverá so­frer duras consequências.

Problemas: falta de profissionais, falta de médicos, excesso de pacientes covid-19

Maioria dos hospitais paulistas enfrenta ‘sérios problemas’
do estado de São Paulo verificar se houve aumento no número de internações por covid-19 nesses hospitais nos 10 dias anteriores ao período pesquisado, conhecer a taxa de ocupação dos leitos clínicos e de UTI destinados aos pacientes do novo coronavírus, se os hospitais pesquisados têm capacidade para aumentar o número de leitos destinados à covid-19, se estão mantendo a agenda de procedimentos e cirurgias eletivas, se estão encontrando problemas no combate à pandemia e quais são e se há falta de medicamentos e oxigênio para o combate à pandemia.

Foram pesquisados 105 hospitais privados lucrativos do estado de São Paulo, o que cor­responde a um número total de leitos clínicos de 8.159 e 4.074 leitos de UTI.

Resultados
A maioria dos 105 hospitais participantes (75%) registrou aumento nas internações por covid-19 nos últimos 10 dias. Na pesquisa anterior, divulgada em 26 de março, o percentual era maior: 99% registraram aumento nas internações. Isso indica leve diminuição no ritmo de crescimento das internações por cvid19 nos hospitais priva­dos do estado.

A pesquisa apontou que 61% dos participantes aumentaram o número de leitos clínicos des­tinados à covid-19 nos últimos 10 dias. Na edição anterior, 95% acusavam aumento de leitos clínicos para a doença.

Em relação aos leitos de UTI para atendimento a pacientes com o novo coronavírus, 78% dos hospitais participantes aumentaram nos dez dias anteriores, contra 89% na edição passada.

A taxa de ocupação de leitos clínicos para pacientes covid é de mais de 100% para 25% dos pesquisados, enquanto 40% dos hospitais afirmam que a taxa de ocupação dos leitos clínicos está entre 81% e 100%.

Na ocupação dos leitos de UTI para covid-19 a situação continua grave: 74% dos hos­pitais estão com mais de 91% de ocupação dos leitos de UTI, e 21% dos respondentes entre 81% e 90%.

Quando questionados se têm condições de aumentar o número de leitos covid, se necessário, 44% afirmam que sim, têm condições de aumentar leitos de enfermaria e de UTI; 26% só conseguem aumentar leitos de enfermaria; e 29% não têm condições de aumentar o número de leitos.

O perfil das internações por covid tem mudado. 77% dos hospitais participantes relatam diminuição da faixa etária dos pacientes; 65% que os casos estão mais graves ou apresen­tam rápida progressão; 45% que aumentou o tempo médio de permanência em UTI; e 21% relatam aumento na internação de crianças e adolescentes.

O aumento no preço dos medi­camentos é um grave problema que os hospitais enfrentam no combate à pandemia, relatado por 97% dos pesquisados. O aumento no preço dos medica­mentos é superior a 100%, em média, para 61% dos respon­dentes.

O estoque de medicamentos utilizados nos procedimentos de intubação tem a seguinte dura­ção média, segundo os hospitais pesquisados: 13% afirmam que o estoque dura menos de uma semana; 30% têm estoque para uma semana; outros 30% para até 10 dias; 5% para até 15 dias; e 22% para até um mês ou mais.

O estoque de oxigênio em 23% dos hospitais tem duração de menos de uma semana; 14% têm estoque para uma semana; 8% para 10 dias; 20% para até 15 dias; e até um mês ou mais para 31% dos entrevistados.
A Fehoesp deve realizar nova pesquisa nos próximos dias para verificar se houve mudança nesse cenário.

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