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Butantan quer produzir 40 mi de doses até julho

O vice-governador São Paulo, Rodrigo Garcia (DEM) anunciou nesta sexta-feira, 23 de abril, que o Instituto Butan­tan enviou à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvi­sa) a solicitação para o início dos testes da Butanvac, a va­cina brasileira produzida pelo órgão sanitário. O dossiê pede o início dos testes do imuni­zante em humanos.

Garcia destaca a importância da vacina para o combate à pan­demia no país, lembrando que o imunizante será totalmente produzido no Brasil “sem a ne­cessidade de importação de ma­téria-prima, como ocorre atual­mente”. O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, reforça a fala de Garcia afirmando que a vacina seria “muito rapidamente produzida” no Brasil.

De acordo com Covas, a ca­pacidade de produção do imu­nizante pode ser ampliada com a liberação de uma fábrica do instituto responsável pela vacina da gripe, que já teria terminado sua produção, assim sendo, es­tando disponível para produção da Butanvac. A expectativa é que, entre os meses de junho e julho “no mais tardar”, cerca de 40 milhões de doses da vacina sejam produzidas.

Depois aguardarão os resul­tados dos estudos clínicos para autorização do uso emergencial. Segundo Covas, os estudos têm a previsão de duração de 20 se­manas, “mas a partir da 15ª, 16ª semana, nós poderemos ter já os dados de análise primária”, afirmou. O diretor diz que ago­ra aguarda o parecer da Anvisa, o que espera que ocorra “dentro do mais curto espaço de tempo possível, dada a urgência do mo­mento”, declara.

Os testes de fase 1 e 2 com o imunizante em humanos irão começar imediatamente após a autorização por parte do órgão regulador. “Esperamos ter até o mês de junho, ou julho, pelo me­nos 40 milhões de doses dessa vacina que estará aguardando o resultado do estudo clínico. Sub­metemos e aguardamos agora o parecer da Anvisa. Esperamos que isso ocorra dentro do mais curto espaço de tempo possível, dada a urgência do momento”, destaca Dimas Covas.

Os estudos deverão começar com 1,8 mil voluntários. Já a fase 3, com maior escala de partici­pantes, deverá incluir nove mil pessoas. As análises deverão ser conduzidas em um processo muito rápido, a partir de com­parativo de respostas vacinais em relação a ensaios clínicos já realizados. Por isso, o Butantan espera ter em breve a autoriza­ção para os testes. Os ensaios clínicos da nova vacina deverão durar cerca de 20 semanas.

Serão feitos com volun­tários adultos a partir dos 18 anos de idade. Tanto quem já tomou a vacina quanto quem já teve covid-19 poderá ser incluído nos testes. Em 26 de março, o Butantan encami­nhou para a Anvisa o Dossiê de Desenvolvimento Clínico de Medicamento, contendo in­formações sobre a nova vacina.

Desde então, técnicos do instituto e do órgão regulador têm mantido estreito contato. Segundo Dimas Covas, os re­sultados dos testes pré-clíni­cos realizados com animais se mostraram promissores, o que permite evoluir para estudos clínicos em humanos.

A tecnologia da Butan­Vac utiliza o vírus da Doença de Newcastle geneticamente modificado desenvolvido por cientistas norte-americanos na Icahn School of Medicine at Mount Sinai, em Nova Iorque (EUA). O vetor viral contém a proteína Spike do coronavírus de forma íntegra.

O desenvolvimento com­plementar da vacina será todo feito com tecnologia do Butan­tan, incluindo a multiplicação do vírus, condições de cultivo, ingredientes, adaptação dos ovos, conservação, purificação, inativação do vírus, escalona­mento de doses e outras etapas.

A Doença de Newcastle é uma infecção que afeta aves e, por isso, o vírus se desenvolve bem em ovos embrionados, permitindo eficiência produtiva num processo similar ao utili­zado na vacina de Influenza do Butantan. O vírus da doença de Newcastle não causa sintomas em seres humanos, constituin­do-se como alternativa muito segura na produção.

Ele é inativado para a for­mulação da vacina, facilitando sua estabilidade e deixando o imunizante ainda mais seguro. A iniciativa do novo imunizante faz parte de um consórcio in­ternacional do qual o Instituto Butantan é o principal produtor, responsável por 85% da capaci­dade total, e tem o compromisso de fornecer essa vacina ao Brasil e aos países de baixa e média renda. A produção-piloto do composto já foi finalizada para aplicação em voluntários huma­nos durante os testes.

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