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Festa de arromba: como é em Brasília

Avise o prefeito: “Eu voltei, agora pra ficar, porque aqui, aqui é meu lugar!” Pandemia sem Sinfônica nem coral, vale o coro infernal dos buracos, da 9 de julho, Vitaliano e de outras. Eles voltaram, aumentaram sem chover. Dárcy Vera (que já voltou) vai se sentir saudosa, logo. São “crises” das grandes cidades, belas pela natureza e decepcionantes pela pobreza.

Nisso lembramos Brasília (faz anos amanhã), nasceu passando por Ribeirão, vimos as máquinas da terraplana­gem atravessando a cidade (Ruas João Ramalho, Capitão Salomão, São Paulo) para seguirem. Fizeram tudo que os idealizadores exaltavam na ex-Capital (Rio), vida noturna, praias e o mar.

Sim, Brasília tem o seu “mar”, como chamam o Lago Para­noá (gigantesco represamento de um rio) para atenuar o cli­ma do planalto, mas serviu para banhar as cobiçadas mansões (sem “puxadinho”), que não faltariam na nova Capital.

Ideias do Niemayer e Lúcio Costa, os projetistas, brotaram no “Castelinho”, um casarão de madeira (conservado para o turismo), onde o Presidente Juscelino se abrigava porque, lá, nem hotel existia.

Pensaram fazer a orla do Paranoá voltar-se para o lazer, como os seus habitantes (cariocas) valorizavam no Rio antigo. Impossível viver Brasília sem estar no Paranoá, de dia ou à noite.
Assim chegou o convite para uma “festinha” em comemo­ração ao aniversário do meu amigo “senador”, com mais 50 amigos (dele, claro). Irrecusável.

Festa no barco catamarã, só convidados, com hora marcada para o início, diferente daquela de arromba do Erasmo Carlos, que iam chegando e se aboletando. Na do Paranoá o barco navegou a noite toda, de ponta a ponta, ia e voltava sem parar.

Na música, canções que banhavam as mansões. Garçons, gentis, só diziam “sim, excelência” e serviam o melhor whisky (o dos políticos), como o senador exigiu. Os beliscos (pati­nhas de caranguejos e camarões) não eram “de boteco”.

Todos pareciam se conhecer, conviventes com o senador pelos ambientes palacianos. Papo descontraído, uns mais animados (os presidenciáveis). Ao final de cada “historinha” vinha o coro: “se a canoa não virar, olê, olê, olá, eu chego lá…” (Por que será ?) Fora da política, só o “Mengão”.

Mais tarde, antes do principal (lagostas cearenses…), um já empolgado (!) quis ensaiar o discurso, lembrando um “ex” (?) e recebeu aquela “homenagem” da galera: “Vá com Deus…”
E novamente o coro: “se a canoa não virar, olê, olê, olá, eu chego lá…”

Lá pelas tantas, alguém começou sacar uma anotação do bolso, parecia ser coisa de eleição: foi logo interrompido por um “presidenciável”, “Agora não, colega !” Se pareciam ínti­mos, de partidos opostos, lance estranho… Todos muito in­teressados em tudo (Amazônia, dólar) e arrematou“… depois falamos lá no… nosso restaurante” (aquele em que político tem lugar marcado, em Brasília). E logo veio um outro coro: “foi um rio que passou em minha vida” para se desconversar o tudo, pelo nada. Coisa de político experiente, futurista…

Depois da canja, ao amanhecer, os “mais vividos” se des­pediram logo e ao ancorar o barco já haviam desaparecido. Dali, só uma certeza: afinidades sim, mas valem, mesmo, são as habilidades.

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