No ano passado fiz uma reflexão sobre a Páscoa e seu significado e enviei para meus amigos. O texto era o seguinte:
“O termo ‘Páscoa’ em hebraico significa ‘passagem’. Para os Cristãos a conotação se faz com a “passagem” para a vida, vencendo a morte, na Ressurreição. Para os Judeus representa a “passagem” para fugir do Egito, onde o povo judeu vivia escravizado. Dessas duas interpretações se afloram numerosas reflexões, fortemente ligadas a valores, ao amor e a ética.
Pare um pouquinho para pensar nisso. Vamos deixar de lado o coelhinho e o chocolate. A Páscoa chama à REFLEXÃO. Pessoalmente resolvi, entre outros valores, refletir a respeito da benção divina que é ter amigos.
Espero que suas reflexões sejam igualmente lindas e positivas, considerando de primordial valor a AMIZADE. Certamente, ALGUÉM, maior que todos nós, sentirá que o sacrifício e a ressurreição valeram a pena, mesmo que ainda existam tantas incompreensões, guerras, crimes, desrespeito e ódio.
Um abraço fraterno.”
Neste 2021 busquei continuar a reflexão a partir da semelhança entre “Páscoa” e “ponte”.
Em 1971 Van Rensselaer Potter, oncologista norte-americano, publicou o livro “Bioética: ponte para o futuro”, marco fundamental da Bioética.
O que seria essa ponte?
O termo “ponte” aqui é utilizado com o significado de “caminho” ou de “passagem”. É o caminho que liga a Ética aos diferentes pensamentos e atitudes, sempre respeitando aos quatro princípios básicos primários divulgados em 1979 por Beauchamp e Childress: a beneficência, a não-maleficência, a autonomia e a justiça com equidade.
É preciso, em qualquer atividade humana, que se busque não só determinar benefícios como evitar malefícios, respeitando a autonomia e liberdade de cada um e buscando sempre a equidade, ou seja, que quem tem menos receba mais, até que as necessidades se igualem.
Estamos muito longe de tudo isso. É a razão pela qual a Páscoa deve ser comemorada, não com chocolates e coelhos, mas com o compromisso interior de lutar por um futuro mais justo e fraterno.