O Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCESP) solicitou à Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRPUSP) que preste esclarecimento sobre o desenvolvimento de uma nova vacina contra a covid-19. O despacho é assinado pelo conselheiro Antonio Roque Citadini.
O documento, publicado no Caderno Legislativo do Diário Oficial do Estado (DOU) da terça-feira, 30 de março, é endereçado ao reitor da USP, Vahan Agopyan, e traz uma série de questionamentos acerca do imunizante Versamune®-CoV-2FC.
O estudo sobre a vacina é financiado pelo governo federal e desenvolvido em parceria com a Farmacore Biotecnologia, de Ribeirão Preto, e a PDS Biotechnology Corporation, dos Estados Unidos. No despacho, Roque Citadini requer esclarecimentos sobre o montante e a origem dos recursos públicos alocados ao projeto.
Relator do processo anual de prestação de contas da USP, Antonio Roque Citadini também solicita informações sobre o valor despendido até agora no desenvolvimento do imunizante. O TCE questiona também se, dentre os recursos, houve aporte do Estado e da União.
Ainda solicita que o documento comprovando parceria seja apresentado. As perguntas incluem, ainda, explicações sobre a participação de empresas privadas no projeto, quais são e como foram estabelecidas as parcerias. O TCE deu prazo de 15 dias para que a USP responda.
“Interessa conhecer as tratativas documentadas, os compromissos e as responsabilidades assumidas e os valores envolvidos, sobretudo como estarão resguardados os interesses da Universidade nessa parceria”, destaca o conselheiro-relator.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) fez exigências à Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP depois de analisar o pedido de realização de estudos clínicos fases 1 e 2 da vacina Versamune®-CoV-2FC, candidata a imunizante contra covid-19 anunciada na sexta-feira, 26 de março, pelo governo federal.
A ideia é que esse imunizante tenha produção 100% nacional. “As exigências não suspendem a análise das demais informações apresentadas pelas desenvolvedoras da vacina”, diz a reguladora, em nota publicada no site, sem especificar quais exigências foram feitas às empresas. O pedido para o início dos testes clínicos (em humanos) foi apresentado à Anvisa no dia 25, segundo o ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes.
A pesquisa é financiada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI). Segundo a pasta, há no orçamento federal R$ 200 milhões disponíveis para custear estudos clínicos de imunizante brasileiros. Helena Faccioli, CEO da Farmcacore, diz que os testes clínicos devem ser concluídos em nove meses, quando o laboratório pedirá à Anvisa autorização para uso emergencial e a produção da vacina em escala industrial.
Ela estima que o imunizante esteja disponível para a população entre fevereiro e março de 2022. Os resultados pré-clínicos demonstraram potencial para induzir uma resposta imune ampla e robusta. Segundo Marcos Pontes, os testes da fase 1 e 2 serão feitos agora em 360 pessoas para provar sua segurança e levar cerca de três meses para conclusão. Depois, há outro cronograma para a fase 3.
Versamune®-CoV-2FC
O Versamune®-CoV-2FC é um projeto de vacina para covid-19 que combina a plataforma Versamune® de ativação imune com uma proteína de fusão recombinante desenvolvida pela Farmacore a partir do coronavírus 2, da Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars-CoV-2) reconhecível por nosso sistema imunológico (antígeno).
O perfil alvo da vacina é fornecer rápida indução de anticorpos neutralizantes, bem como células-T “killer” e células-T de memória contra o vírus Sars-CoV-2, em pacientes vacinados com Versamune®-CoV-2FC para proteger contra a covid-19 e impedir a propagação da infecção.