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Nunca estivemos tão perto do impeachment

Bolsonaro não provoca sucessivas crises. Ele é a própria crise. Como um câncer que vai destruindo tudo ao seu redor, ele tem de ser extirpado. O quanto antes! Os últimos acontecimentos da República, das ameaças de impeachment (remédios amargos e fatais) do próprio presidente da Câmara Arthur Lira até a re­núncia coletiva do Alto Comando das Forças Armadas, sinali­zam muito claramente que seu governo já entrou em contagem regressiva. O pano de fundo é a crise humanitária que se agrava a cada dia e faz o Brasil virar ameaça global. Tudo isso torna cada vez mais visível a sua total incapacidade de governar.

Passamos duas semanas esperando a queda do ministro das Relações Exteriores. Ele havia chegado ao limite do tolerável. Boça­lidades à parte, ele ainda pode ser responsabilizado pelas centenas de milhares de mortes, já que atrapalhou, ao máximo, a aquisição de vacinas. Acabou sendo defenestrado em meio ao rebuliço da última segunda-feira com a troca de seis ministros. Daí para a maior crise militar do período democrático, foi um pulo. Bolsonaro encontrou reação quando tentou arrastar as Forças Armadas para a sua política suicida. O tiro saiu pela culatra. Encontrou reação e não foi pouca.

Ciro Gomes (PDT) resumiu bem a crise militar da última semana: “Bolsonaro está mais perto de um impeachment do que de arrastar as Forças Armadas para uma quartelada ao modo boçal bolsonarista de ser”. E ainda classificou o presidente como “um fascista de quinta categoria, iletrado, incompetente e despreparado. Assim, enquanto se enfraquece a olhos vistos, é humilhado pelos seus sócios da politicagem mais antiga do Bra­sil, tenta uma saída de cachorro hidrófobo posto em um canto de parede”. O que Bolsonaro pretende é assumir um poder violento que viesse em socorro de seu governo falido, genocida e corrup­to. Seus acólitos, como Bia Kicis (PSL-DF), ficaram insuflando rebeliões policiais no início da semana.

Mas Ciro Gomes não parou por aí: “Bolsonaro continua mandando seus últimos amalucados acenderem um pavio de pólvora nas frações milicianas das polícias militares a partir de uma tragédia humana ocorrida no Farol da Barra, em Salvador”. Antonio Augusto de Queiróz, o Toninho, diretor do Departa­mento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap) tem a mesma opinião: “O Congresso e o STF estão no limite da paci­ência com Bolsonaro e a realidade de um impeachment nunca esteve tão próxima como no presente momento”.

O tal “comitê de crise” para combater a pandemia é só pra inglês ver. Não passa de um diversionismo para camuflar as investidas de Bolsonaro contra as medidas de distanciamento social decretadas pelos governadores nos seus estados. Agora, Bolsonaro aparece em público de máscara e defende a vacinação, “mas em relação a distanciamento, uso de máscaras, lockdown, continua o mesmo. Assim como não abre mão de tratamento precoce com a cloroquina”, observa o diretor do Diap. Novos recordes de mortes vão sendo batidos a cada dia, mas Bolsonaro baixou medidas que dificultam o acesso ao kit de intubação.

Quem continua apoiando o genocida? Uma base militar podre e miliciana encastelada principalmente nas polícias estaduais. Um pequeno segmento da área empresarial que vê na extrema direita no poder um caminho fácil para maiores lucros. Os que defendem armar a população, a tal bancada da bala. E o mais curioso: os evangélicos fundamentalistas que seguem a escória da religião como este pastor Silas Malafaia. Aliás, este Malafaia estava pedindo aos crentes esta semana que orassem para Bolsonaro neste momento difícil em que ele enfrenta vários demônios. Eu que não me meto nesta briga de família!

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