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Sim, ainda há negligência na prevenção

Ultrapassamos um ano de pandemia de coronavírus, comple­tamos um ano da primeira morte por covid-19, confirmamos mais de 300 casos de infectados em alguns dias da fase atual, registramos em outros dias mais de 20 mortes em 24 horas, mas ainda não conseguimos convencer a todos do perigo que a doença representa. Felizmente a maioria colabora, mas precisamos do apoio de todos. Invisível, o vírus ataca sem que as pessoas percebam. E com as novas cepas, mais agressivas e com maior poder de transmissão, as estruturas de atendimento médico e de serviço hospitalar estão sa­turadas. Nos últimos dias, a ocupação de leitos covid nos hospitais públicos e privados ficou sempre acima dos 90%, chegando a picos de 95%, mesmo com o aumento diário de leitos.

A situação é muito grave. Por isso repetimos, assim como a maioria dos veículos de comunicação, que é preciso atuar insisten­temente na prevenção. É ruim repetir sempre a mesma história, o que infelizmente é necessário, porque ainda há negligentes. Há os que insistem em desprezar as máscaras, ou as utilizam no queixo ou pescoço ou as carregam nas mãos. Outros, sem usar máscaras, se aglomeram como se nada estivesse acontecendo. Vão a reuniões, festas e encontros coletivos. As regras estabelecidas são ignoradas por uma parte importante da população, que transporta o vírus e contamina outras pessoas.

O pior é que outros pagam pelo descaso destes poucos ne­gligentes. Porque além de se contaminarem, levam o vírus para outros que estão preocupados com a proteção. Tem sido muito difícil, como prefeito, adotar as medidas necessárias à redução da transmissão. Há sempre descontentes que preferem encontrar culpados que colaborar com a prevenção. A continuar desta forma, enxugaremos gelo todo o tempo. Patinaremos sobre o problema sem chegar à solução procurada, porque há sempre os que remam em sentido contrário.

Por isso, prefiro repetir para encontrar novos adeptos da prevenção, do uso de máscaras, do distanciamento, dos hábitos de higiene constante das mãos. Porque além de os hospitais estarem em seus limites, os profissionais de saúde estão saturados, cansados de trabalhar diuturnamente sem perceber a redução de casos da doença e sem enxergar a solução para atravessar esse período em que não conseguimos vacinar a todos.

Faço o apelo para que possamos resistir a essas novas cepas da doença sem perder vidas preciosas, para não permitir que as pes­soas morram sem receber o atendimento adequado em função da demanda excessiva por cuidados médicos e atendimento hospitalar. Seguimos sempre o trabalho para aumentar a nossa capacidade de atendimento. Ampliamos o número de leitos praticamente todos os dias. Já ultrapassamos os 290 leitos de UTI covid. Chegamos a 292, contra 240 no pior momento da pandemia em agosto do ano passa­do. No mesmo compasso – ou até em escala maior -, o número de casos aumenta e desafia nossos limites, nossa capacidade de criar alternativas de atendimento.

As medidas restritivas que adotamos por cinco dias começam a apresentar resultados positivos para reduzir o registro de casos, mas nada substitui o compromisso de todos em prevenir para preservar a própria saúde, a própria vida e a de outras pessoas. Até porque mesmo as medidas restritivas têm limites que precisam ser respeita­dos. Assim, mais uma vez, até a chegada da vacina para todos, a so­lução é prevenir por meio dos hábitos já cansativamente elencados.

Sei que vamos vencer a pandemia. E espero que possamos fazer isso preservando o maior número de vidas possível. Porque temos capacidade para isso, mesmo que a situação não esteja suficiente­mente clara para uma pequena parcela da população.

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