Não gosto muito daqueles comparativos, tipo “a ficha criminal de fulano daria dez voltas em torno da terra” ou “a quantidade de notas falsas, se empilhadas, chegariam a altura de um edifício de dez andares”. Penso que fica difícil imaginar essas coisas, mas o raciocínio que faço, acredito que todos irão compreender com facilidade. Vamos lá:
– Até o dia 3 de março de 2021, cerca de 260 mil pessoas morreram por Covid-19 no Brasil. Em menos de um ano de pandemia no país, perceba bem.
– Se considerarmos que, essas pessoas que perderam a vida, fossem passageiros dentro de ônibus, cada um com 44 assentos, mais o motorista, perfaz 45 pessoas por veículo, lotaríamos 5.778 ônibus executivos.
– Colocando todos esses ônibus em fila indiana, teríamos uma fila com 86.667 metros, já que cada um tem 15 metros de comprimento, ou seja, teríamos um engarrafamento monstro entre a Praça da Sé na Capital e o centro de São José dos Campos, paralisando a Via Dutra.
Com certeza isso não vai acontecer, pois é fato sabido, que almas e espíritos, de acordo com a crença de cada um, faz a sua ascensão por outros meios, que não ônibus executivos. Vale omo imaginação.
Pense nos mortos protestando contra o descaso do governo federal com a Covid-19, paralisando a economia do país, em virtude do aumento exponencial do número de cadáveres no Brasil. Se fosse protesto de caminhoneiro, o indevido presidente, já teria tomado as suas atrapalhadas providências. Mortos não votam, nem participam de rede de fake-news, não é, senhor Capitão-Presidente?
Mas, como já nos ensinou Érico Veríssimo, em seu romance “Incidente em Antares”, os mortos voltam sim, para assombrar e desnudar as mentiras e pecados dos pretensiosos, dotados de poderes efêmeros. E a História dará seu veredito.