Nesta quinta-feira, 18 de março, o Grupo Pó de Café vai transmitir o primeiro de seis shows online gravados com recursos recebidos da Lei Aldir Blanc pelo Programa de Ação Cultural (ProAC) do Estado de São Paulo. A banda usará seu canal no Youtube (www.youtube/podecafe) para apresentar as oito músicas do disco “Amérika” (2015), tocado na íntegra, destacando a fusão entre o jazz, a música brasileira e ritmos afro-caribenhos.
“Esse foi o segundo disco do grupo e foi um marco para nossa carreira, pois teve reconhecimento da crítica especializada nacional e nos proporcionou diversos shows no Brasil e até no exterior”, comenta Bruno Barbosa, baixista do grupo, destacando a participação do Pó de Café no 10º Festival Jazz a laCalle, em Mercedes, Uruguai, em 2017.
Essa e outras duas “lives” foram gravadas em uma tarde na sede do Armazém Baixada, casa noturna que já abrigou alguns shows do Pó de Café. “Esse lugar tem valor sentimental para nós, nosso público que nos acompanha desde os tempos do ‘Jazz na Coisa’ frequenta essa casa, além de ter um ótimo espaço físico amplo e ventilado para podermos gravar com todas as condições sanitárias que o período de pandemia exige”, informa Bruno Barbosa.
Os outros dois shows que já foram gravados são “Terra”, do terceiro disco do grupo, lançado em 2017 e que também obteve reconhecimento da crítica nacional, e “Standards”, uma coletânea dos principais temas de jazz que o grupo tem tocado ao longo de seus onze anos de carreira. Os shows vão ser transmitidos pelas redes também às quintas-feiras, nos dias 25 de março e 1º de abril.
Os outros três shows online ainda serão gravados e vão trazer outras temáticas, como músicas do primeiro disco e alguns convidados especiais que conviveram com o Pó de Café ao longo desses anos, como a cantora Camila Kerr.
Sobre o Pó de Café
O grupo começou como um encontro informal de músicos profissionais de Ribeirão Preto que tinham a intenção de explorar a musicalidade do jazz e da música instrumental. Com sucesso do evento cultural “Jazz na Coisa”, que teve mais de 70 edições em parceria com o Espaço a Coisa entre 2010 e 2012, surtiu o impulso para gravar o primeiro disco: “Pó de Café”, em 2013, reuniu as composições de alguns dos músicos convidados que passaram pelas noites do “Jazz na Coisa”.
Foi assim que o pianista Murilo Barbosa passou a integrar o grupo, sendo convidado para fazer os arranjos, assim como o trumpetista Rubinho Antunes. Em 2015 o grupo foi selecionado pelo edital do ProAC para gravar seu segundo disco, que marcaria uma inovação na sonoridade do grupo: a exploração dos hibridismos musicais entre grooves brasileiros e afrolatinos. O percussionista Neto Braz foi escalado para a gravação, e não saiu mais do grupo.
O show de lançamento do disco “Amérika” percorreu várias cidades do interior de SP, participou do festival Sesc Jazz & Blues, fez parte da programação oficial da Semana Internacional de Música (SIM) de São Paulo, em dezembro de 2015 e recebeu convite para seu primeiro festival internacional, o Jazz à laCalle, na cidade de Mercedes (Uruguai), em janeiro de 2017.
E foi em 2017 que o grupo novamente entrou em estúdio para registrar um terceiro disco, novamente buscando um conceito sonoro que norteasse a produção e resultasse em um jazz brasileiro com uma cara diferente. Partindo da ideia de homenagear as raízes do grupo ribeirão-pretano, o grupo pesquisou a temática da música “caipira” e a traduziu numa linguagem jazzística moderna.
O resultado foi surpreendente, e o disco teve ótima repercussão no meio especializado. Da Folha de S. Paulo, o veterano Carlos Calado incluiu “Terra” entre os 50 melhores discos de 2017; d’O Globo, do Rio de Janeiro, Antonio Carlos Miguel elogiou a “volta às origens” do grupo; blogs do Brasil e do exterior, como o inglês UK Vibe, também listaram o disco entre os melhores do ano. Após dezenas de shows em 2017, em 2018 o grupo levou o show “Terra” ao teatro do BNDES, no Rio de Janeiro.
Em 2019, o grupo Pó de Café fez uma espécie de retorno ao jazz tradicional – afinal, a admiração pelo jazz norte americano foi o elemento que uniu os quatro músicos originalmente – e homenageou os 60 anos do disco “Kindof blue”, do genial bandleader Miles Davis. No show, o grupo toca as seis músicas do disco intercaladas com comentários do crítico musical e humorista Reinaldo Figueiredo.
Em 2021, após praticamente um ano sem apresentações, o grupo se prepara para gravar o quarto disco com temas compostos nesse período, reforçando o projeto de celebrar o encontro das raízes musicais afro-brasileiras com os sons do jazz. O grupo é formado por Rubinho Antunes (trompete), Marcelo Toledo (sax), Murilo Barbosa (piano), Bruno Barbosa (baixo), Duda Lazarini (bateria) e Neto Braz (percussão).