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Duas joias da Estrada Romântica alemã

Quase totalmente destruída na Segunda Guerra Mundial, a Alemanha reergueu suas cidades em formato moderno e com grandes facilidades viárias. Mas, pequenas joias medievais ou não foram atingidas pelos bom­bardeios ou foram minuciosamente reconstruídas, transformando-se em atrações culturais da grande nação europeia.

Um dos mais fascinantes roteiros da Europa é a Estrada Romântica (Romantische Strasse ) alemã, que vai de Würzburg a Füssen, num percurso de 300 km pela Bavária e que nos transporta à Idade Média, onde as cidades, mantendo sua forma original, oferecem todo conforto aos viajantes. Duas destas cidades merecem destaque: Würzburg e Rothenburgob der Tauber.

A rota se inicia em Würzburg, às margens do rio Meno (Main). Uma enorme fortaleza, Marienberg, iniciada no século XIII, domina a gracio­sa colina em frente à cidade, hoje com cerca de 130.000 habitantes e toda cercada por enormes vinhedos principalmente de uva Silvaner, responsável pelo excelente vinho branco e seco da região. Nela, encontra-se, entre outras atrações, o Museu Francônico (a urbe localiza-se na região da Francônia), que guarda enorme acervo do escultor Tilman Riemenschneider, considera­do o maior artista do final do gótico alemão.

Sua visita vale a viagem. Seus retábulos, suas obras em madeira, cheias de enormes imagens com mantos e torneados, anjos, pássaros, colunas rendadas deixam uma impressão de sublimidade. A primeira vez que vi uma obra do mes­tre, tomou-me um sentimento de paz, perenidade, perpetuidade, que se repete todas as vezes que tenho este privilégio. A Residência, palácio barroco do século XVIII, mandado erguer pelos irmãos príncipes-bispos von Schönborn, e hoje Patrimônio da Humanidade, merece visita, principalmente pelas obras do pintor italiano Giovanni Tiepolo, notadamente o teto da escadaria monumental.

Atração imperdível é o Juliusspital, hospital fundado há mais de 400 anos e mantido, até hoje pela produção local de excelentes vinhos, que podem e devem ser degustados nas caves subterrâneas dentro da instituição. A Mainbrücke, a velha ponte para pedestres sobre o rio Meno, erigida no século XV e decorada com estátuas de santos, é hoje um dos pontos de convi­vência dos habitantes e dos turistas. Nela, artistas desenham seus quadros e pode-se beber uma taça do belo vinho da Francônia. Na última vez que estive na cidade, uma tarde de sábado, vários quiosques vendiam a bebida, ao som das bandas bávaras típicas.

Sessenta quilômetros ao sul, encontra-se Rothenburgob der Tauber, talvez a mais conhecida cidade medieval da Alemanha. Cravada num terraço à beira do rio Tauber, a cidade começou a surgir no século XII e a erigir as muralhas que a cercam até hoje, perfeitamente conservadas e possíveis de se visitar.

A cidade vale pelo conjunto medieval de suas ruas, ruelas todas cheias de casas em estilo enxaimel, com as madeiras aparentes, praças com fontes, pa­lácios, residências, todas destinadas somente a pedestres e pelos portões das muralhas. Na praça central, a Prefeitura encimada por fachada em degrau, típica da região, mostra relógio, relógio do sol e, de suas janelas, nas horas cheias, saem autômatos que representam a história da cidade.

Nesta mesma praça, há uma loja de decorações natalinas, que expõe, durante o ano todo, tudo que você possa imaginar para a grande festa da cristandade. A catedral da cidade exibe um grande e precioso retábulo de Riemenschneider e há um interessante Museu do Crime Medieval, onde, em quatro andares, são expostos instrumentos utilizados para perseguição e penalidades às bruxas e hereges.

A 10 km a oeste da cidade, está o vilarejo de Crelingen, onde na Igreja do Senhor Deus, existe um dos mais famosos, senão o mais famoso retábulo de Riemenschneider, representando a ascensão da Virgem, uma estrutura de 10 metros de altura, com todo o requinte da criatividade do artista.

Só quem visita Rothenburg pode se deixar levar pelo clima medieval que dominou e domina a cidade, imaginar os sonhos de milhares de seus habitantes, que a construíram e se admirar com a visão extraordinária dos que permitiram preservá-la intacta até nossos dias, testemunha de uma rica época da civilização europeia.

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