Por Pedro Caramuru
A Confederação Israelita do Brasil (Conib) disse repudiar “mais uma vez comparações completamente indevidas do momento atual com os trágicos episódios do nazismo que culminaram no extermínio de 6 milhões de judeus durante o Holocausto”. A declaração foi dada ao Broadcast Político (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) nesta sexta-feira, 12, em resposta à postagem do secretário especial de Cultura do governo federal, Mario Frias, que, ao comentar medidas restritivas para conter a disseminação da covid-19 no País, compartilhou na quinta-feira, 11, trecho do filme A Lista de Schindler.
A obra, de 1993 sob direção de Steven Spielberg, conta a história baseada em fatos reais do empresário alemão Oskar Schindler, que durante a ascensão do nazifascismo alemão engendrou uma estratégia para salvar mais de mil judeus do extermínio.
O trecho do filme compartilhado por Frias mostra trabalhadores – que dizem serem essenciais – executados por oficiais nazistas. Na publicação, o secretário escreveu: “O setor de eventos clama para poder levar o pão para dentro de casa, para poder sustentar a própria família. Até quando um burocrata arrogante irá dizer que ele não é essencial?”
Para a confederação judaica, “essas comparações, muitas vezes com fins políticos, são um desrespeito à memória das vítimas do Holocausto e de seus descendentes”. Conforme reforçou, a entidade criou uma campanha, com o tema “Não compare o incomparável” contra a banalização do Holocauto (disponível no seguinte endereço na internet: http://www.youtube com/watch?v=5QmeICHk2k4&ab_channel=conib48).
Frias é o segundo a ocupar o cargo a ganhar o repúdio da Conib por comparações com o nazismo. Em janeiro do ano passado, a confederação pediu a saída imediata do ex-secretário de Cultura Roberto Alvim por comunicado inspirado em referências nazistas.
Defesa
Mais cedo, nas redes sociais, Frias afirmou que “qualquer pessoa intelectualmente honesta entende que o vídeo é uma analogia para nos alertar dos horrores praticados por burocratas quando se acham capazes de definir que serviço e pessoas são essenciais”.
“Dizer que essa analogia é uma ofensa ao grande povo judeu, que já experimentou todo esse terror na pele, é apenas um expediente retórico que tenta inviabilizar a devida crítica às nefastas e abomináveis violações às liberdades individuais que estão em andamento. Um trabalhador preso dentro de casa, impedido de levar o sustento para sua família, é uma vítima de uma tirania burocrática, e é um sujeito igualmente merecedor do nosso respeito, ou não? Admiro e respeito muito o povo judeu, e todo o sofrimento que passaram, por isso mesmo espero que aprendamos com a história e não repitamos os velhos erros do passado. A liberdade é um bem supremo”, conclui Frias em nota publicada em sua conta.