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COVID-19: Quando e como reabrir as escolas (10)

Exatamente hoje, 11 de março, mas em 2020, a Organização Mundial de Saúde (OMS), decla­rou o surto da Covid-19 como uma pandemia. E, em 13 de março do mesmo ano, os Estados Uni­dos declararam a Covi-19 uma emergência nacional. Desde então, esta doença progrediu da cidade de Wuhan, província de Hubei, China, para os quatro quadrantes do planeta. E, ainda ontem, 10 de março de 2021, o Brasil atingiu o recorde de quase 2500 mortes em 24 horas, tornando-se o país com o maior número de infecções diárias. Como consequência dessa multiplicação exponencial dos casos em toda a federação brasileira, e com a sobrecarga do nosso sistema de saúde, o tema “Volta ou não às escolas?” ganha outras facetas, tornando-se, por consequência, uma decisão muito mais complexa que antes.

A despeito do problema da propagação da Covid no ambiente escolar, um outro tema que merece ser destacado trata da proteção da saúde mental das crian­ças quando as mesmas necessitam ser mantidas em confinamento domiciliar por longo período, mesmo em intermitência, como tem ocorrido com as mesmas desde março de 2020. Estudo realizado por Xie e colegas, publicado na JAMA Pediatrics 2020 (174, 9, 898-900), investigou os sintomas de ansiedade e depressão entre os estudantes que foram obrigados a atender a solicitação de confinamento do governo chinês.

Na província de Hubei, os estudantes de Wuhan ficaram confinados em casa de 23 de janeiro de 2020 até 08 de abril de 2020, ao passo que os de Wuangshi, cidade a 85 km de Wuhan, inicia­ram o mesmo a partir de 24 de janeiro de 2020, um dia depois, nele ficando até 23 de março de 2020. Portanto, um total de 2330 estudantes, entre a 2ª e 6ª séries de duas escolas primárias, foram solicitadas a preencherem um questionário entre 28 de fevereiro a 5 de março de 2020. Na maioria dos casos, o mentor das crianças preenchia o questionário. As infor­mações requeridas incluíam gênero, série escolar, grau de otimismo sobre a pandemia, se eles se preocupavam em serem infectados pelo coronavírus e os sintomas de ansiedade e depressão mensurados, respectivamente, pelos Inventário de Depressão para Crianças e Protoco­lo de Triagem para Ansiedade Infantil relacionadas às Desordens Emocionais.

Os resultados obtidos das crianças de ambas as ida­des indicaram: 1º) os estudantes ficaram restritos a suas casas por um período médio de 33,7 dias até o momento em que completaram o questionário; 2º) um total de 403 estudantes e outro, de 337 estudantes, registraram sintomas depressivos e de ansiedade res­pectivamente; 3º) os estudantes de Wuhan tiveram escores de sintomas depressivos mais elevados que aqueles de Wuangshi, indicando um risco maior de ficarem depressivos; 4º) estudantes que tiveram pouca ou nenhuma preocupação em serem afetados pela Covid-19 tiveram escores bem menores de sintomas depressivos do que aqueles que relataram estar muito preocupados, indicando um menor risco para sintomas depressivos; 5º) aqueles que não foram otimistas sobre a pandemia, comparados com aqueles que foram muito otimistas, tiveram escores significati­vamente mais elevados de sintomas depressivos, indi­cando risco aumentado para sintomas depressivos; e 6º) não houve associação significativa entre caracte­rísticas demográficas e sintomas de ansiedade.

Tomados em conjunto, fica claro nesse estudo que, 22,6% dos estudantes registraram ter sintomas depressivos, provocados, talvez, pelo fechamento das escolas. De fato, durante o surto da Covid-19, tanto na China quanto em outras nações, a redução das atividades ao ar livre e da interação social podem estar associadas com o aumento dos sintomas depressivos das crianças. O estudo também revelou que 18,9% dos estudantes registraram sintomas de ansiedade.

Esses achados sugerem que doenças infecciosas sérias e graves, como a Covid-19, pode influen­ciar a saúde mental das crianças tais como outras experiências traumáticas o fazem. Assim conside­rando, se restrições similares ao confinamento doméstico persistem ao longo dessa segunda onda pandêmica, seja de forma contínua ou intermitente, elas afetam a saúde mental das crianças. Logo, governos e dirigentes escolásticos devem otimizar intervenções sobre a saúde mental das crianças de forma que tais consequências traumáticas possam ser reduzidas.

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