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Dançando com o Corpo

Por Fernanda Perniciotti, especial para o Estadão

O Grupo Corpo chega a 2021 com ações que buscam sintonia com o momento que o País atravessa. A primeira delas é o projeto Grupo Corpo que convida todo mundo para dançar, uma reedição das aulas de dança para profissionais de saúde, realizadas em 2020, agora expandidas para o público em geral, que acontecerão online todas as sextas-feiras de março, às 19h. Além disso, já está em composição a nova coreografia, em parceria com o Palavra Cantada, com estreia prevista para o segundo semestre.

Ainda no início de 2020, com a crise sanitária, dois movimentos aconteceram: campanhas de valorização dos profissionais de saúde e, na arte, a necessidade de artistas e companhias se reinventarem diante das medidas restritivas. Somando as duas frentes, o Grupo Corpo lançou o projeto Grupo Corpo de Plantão, em que oferecia aulas de dança para profissionais da linha de frente da covid-19. “A gente quebrou a cabeça para pensar em como criar algo em sintonia com o que estava acontecendo. E, claro, veio como primeiro ponto a necessidade de reconhecimento do trabalho de profissionais da saúde. Por que, então, não tentar oferecer um pouco de alívio, alegria e descontração, através de aulas de dança inspiradas em obras do Corpo? E foi muito bacana! O resultado foi além de todas as nossas expectativas”, é o que conta Claudia Ribeiro, diretora de programação da companhia mineira.

As aulas alcançaram, em tempo real, um público de 7 mil a 8 mil pessoas, número que chegava a dobrar com as visualizações dos vídeos, que ficavam disponíveis ao longo de uma semana. Chamou a atenção do grupo também as mensagens recebidas de diferentes cantos do País, com relatos de médicos e técnicos de enfermagem, que viram diferença no seu cotidiano de exaustão psicológica, física e emocional.

Diante do sucesso, uma nova demanda surgiu: “Nós começamos a receber pedidos de outras categorias. Pessoas dizendo: olha, eu não sou profissional de saúde, mas sou professor, estou exausto e estressado.

Por isso, resolvemos transformar em um projeto maior e convidar todo mundo a dançar com o Corpo”, explica Claudia sobre o novo projeto. As aulas, estruturadas pela diretora de ensaio Carmen Purri (Macau), serão inspiradas em obras emblemáticas do Grupo, como Parabelo (1997), Benguelê (1998), Onqotô (2005), e uma das mais recentes, Suíte Branca (2015). Em comum, as trilhas trazem compositores brasileiros: Tom Zé e José Miguel Wisnik, João Bosco, Caetano Veloso e Samuel Rosa, respectivamente. “Além das brasilidades, um critério de escolha das obras foi a condição de adaptar os passos e a contagem da trilha de um modo acessível para aqueles que têm pouca familiaridade com dança, para ser leve e gostoso”, conta Macau.

O projeto não é a única novidade do Grupo Corpo para 2021. Rodrigo Pederneiras enfrenta agora um dos maiores desafios de sua carreira, na missão de coreografar com medidas restritivas. “Estou coreografando solos, duos e, no máximo, trios, com distanciamento social. Todo mundo trabalhando de máscara, a dificuldade de dançar e respirar, álcool para todo lado. E estou sendo incrivelmente ajudado pelos bailarinos, que, depois de tanto tempo parados, voltaram ao trabalho com muito entusiasmo”, revela.

A nova obra, que ainda não tem nome, vem em parceria com o Palavra Cantada, a dupla formada por Paulo Tatit e Sandra Peres, que, desde 1994, compõe músicas infantis. Mas a ideia não é um espetáculo infantil. As letras, que remetem à infância, não estarão presentes na trilha, composta por pequenos fragmentos apenas instrumentais. “Você vê que essas músicas feitas para crianças são muito diversificadas e com uma qualidade fenomenal. As palavras, claro, grudam na música, mas é impressionante como ela se transforma sem a letra. Há uma musicalidade muito complexa que também é direcionada para adultos”, conta o diretor, Paulo Pederneiras.

Outro ponto é que a coreografia pode ter uma estreia presencial ou online: “Como as músicas são curtas, o trabalho fica adaptável no online. Ao mesmo tempo, a gente começa a vislumbrar um espetáculo mesmo em cena, porque o todo está ficando muito interessante”, conta Paulo, que revela a preferência pelo paulistano Teatro Alfa, para esta estreia, como o Grupo tem feito há décadas, mas também cogita dançar em Belo Horizonte, dependendo da crise sanitária. A volta, no entanto, está condicionada à vacinação: “Os protocolos, agora, não são suficientes. A nossa ideia é dançar mediante a vacina mesmo. Hoje, eu não vejo outra solução”, complementa o diretor.

O ano de 2021 teve um primeiro bimestre trágico, com recorde na média de mortes por covid-19, e é diante disso que o Grupo Corpo anuncia os próximos passos. E por que falar em morte? Porque, de acordo com Paulo Pederneiras, diante do luto de mais de 250 mil brasileiros: “a companhia busca um aceno à vida, com movimento e alguma leveza, na medida do possível”.

Inscrições no site: www.grupocorpoplay.com.br/workshop

Aulas pelo YouTube: www.youtube.com/grupocorpooficial

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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