Tribuna Ribeirão
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Atos de violência contra a mulher

EDGARD GARRIDO/REUTERS

O Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Hu­manos (MMFDH) divulgou o balanço de dados sobre a vio­lência contra a mulher recebi­dos pelos canais de denúncia do governo federal. Ao todo, em 2020, foram registradas 105.671 denúncias de violên­cia contra a mulher, tanto do Ligue 180 (central de atendi­mento à mulher) e do Disque 100 (direitos humanos).

Do total de registros, 72% (75.753 denúncias) são referen­tes à violência doméstica e fami­liar contra a mulher, informou a pasta. De acordo com a Lei Ma­ria da Penha, esse tipo de violên­cia é caracterizado pela ação ou omissão que cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psi­cológico da mulher. Ainda estão na lista danos morais ou patri­moniais a mulheres.

O restante das denúncias, que somam 29.919 (28%), são referentes à violação de direitos civis e políticos, que incluem, por exemplo, condição análoga à escravidão, tráfico de pessoas e cárcere privado. Também estão relacionadas à liberdade de reli­gião e crença e o acesso a direitos sociais como saúde, educação, cultura e segurança.

As informações estão dis­poníveis no painel de dados da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos, que foi detalhado durante a coletiva de imprensa para anunciar os dados de 2020. A plataforma interativa permite cruzar diversos dados sobre o tipo de violência denunciada, o perfil socioeconômico da víti­ma, informações sobre o perfil dos agressores, incluindo filtros por estados, municípios, ano e mês de registro, por exemplo.

“Quem não conhece o pro­blema não pode propor solução. É para isso que esse painel veio, para propor solução conhecen­do o problema”, disse a ministra da Mulher, da Família e dos Di­reitos Humanos, Damares Al­ves. As denúncias de violências contra a mulher em 2020 repre­sentam cerca de 30,2% do total de 349.850 denúncias realizadas no Disque 100 e no Ligue 180.

“Esse banco de dados é uma fonte poderosa de infor­mação para subsidiar políticas públicas de enfrentamento à violência doméstica e familiar contra a mulher, por exemplo”, diz Rodrigo Capez, juiz auxi­liar do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

Canais
Os canais, coordenados pela Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos do MMFDH, rece­bem denúncias de violações a diversos grupos vulneráveis, como crianças e adolescentes, pessoas idosas e com deficiên­cia. A maioria das denúncias tem como vítimas mulheres de­claradas como de cor parda de 35 a 39 anos.

O perfil médio das mulheres que sofrem violência de acor­do com os registros dos canais de denúncias ainda aponta que elas têm principalmente ensino médio completo e renda de até um salário mínimo. Já em rela­ção aos suspeitos, o perfil mais comum é o de homens brancos com idade entre 35 e 39 anos.

Como o preenchimento des­ses dados não é obrigatório du­rante a realização da denúncia, o perfil médio das vítimas con­sidera apenas aqueles itens em que as denúncias tiveram essas informações prestadas. Gratui­tos, o Disque 100 e o Ligue 180 são serviços para denúncias de violações de direitos humanos e de violência contra a mulher, respectivamente.

Qualquer pessoa pode fa­zer uma denúncia pelos servi­ços, que funcionam 24 horas por dia, incluindo sábados, domingos e feriados. Além de cadastrar e encaminhar os ca­sos aos órgãos competentes, a Ouvidoria recebe reclamações, sugestões ou elogios sobre o funcionamento dos serviços de atendimento. De acordo com o ouvidor Nacional de Direitos Humanos, Fernando Ferreira, 98% das ligações são atendidas em cerca de 50 segundos.

Desde de outubro do ano passado, o ministério também disponibiliza o acesso ao Dis­que 100 pelo WhatsApp. Para receber atendimento ou fazer denúncias por esta nova via, o cidadão deve enviar men­sagem para o número (61) 99656-5008. Após resposta automática, ele será atendido por uma pessoa da equipe da central única dos serviços.

O serviço também está dis­ponível no Telegram. Nesse caso, basta apenas digitar “Direi­toshumanosbrasilbot” na busca do aplicativo. A indicação “bot” é uma regra do Telegram para a criação de contas de serviço. As­sim como no WhatsApp, após uma mensagem automática ini­cial, o cidadão será atendido pela equipe do Disque 100.

A pasta ainda disponibiliza o aplicativo Direitos Humanos Brasil. Para utilizar basta baixar a ferramenta no celular e realizar o cadastro que pede o nome completo e o Cadastro de Pes­soa Física (CPF) do usuário. No site da Ouvidoria, o cida­dão também pode ser atendi­do por meio de um chat. Para iniciar a conversa com a equi­pe do Disque 100 e do Ligue 180, basta acessar o chat no canto direito da página. É pre­ciso apenas informar o telefo­ne para iniciar o atendimento.

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