Tribuna Ribeirão
Economia

PIB fecha 2020 com queda de 4,1%

O Produto Interno Bru­to (PIB) do país caiu 4,1% em 2020, totalizando R$ 7,4 trilhões. Essa é a maior que­da anual da série iniciada em 1996 e interrompeu o cresci­mento de três anos seguidos, de 2017 a 2019, quando o PIB – a soma de todas as riquezas produzidas no país – acumu­lou alta de 4,6%. Os dados são do Sistema de Contas Nacio­nais Trimestrais, divulgado nesta quarta-feira, 3 de março, pelo Instituto Brasileiro de Ge­ografia e Estatística (IBGE).

O tombo foi menor do que a retração de 4,35% registrada em 1990, ano do confisco das pou­panças pelo governo Fernan­do Collor, que segue marcado como a maior retração econô­mica anual de que se tem regis­tro, numa série histórica desde 1981, compilada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplica­da (Ipea). O segundo pior de­sempenho desde o século 20 foi registrado em 1981, em meio à crise da dívida externa, quando o tombo foi de 4,25%.

O PIB per capita alcançou R$ 35.172 no ano passado, re­cuo recorde de 4,8%. No quarto trimestre, que fechou o resulta­do de 2020, cresceu 3,2%. Para a coordenadora de Contas Na­cionais do IBGE, Rebeca Palis, o resultado é efeito da pandemia de covid-19, quando diversas atividades econômicas foram parcial ou totalmente paralisa­das para controle da dissemi­nação do vírus.

“Mesmo quando começou a flexibilização do distanciamento social, muitas pessoas perma­neceram receosas de consumir, principalmente os serviços que podem provocar aglomeração”, diz. Os serviços recuaram 4,5% e a indústria, 3,5%. Segundo o IBGE, esses dois setores soma­dos representam 95% da econo­mia nacional. Já a agropecuária teve alta de 2,0%.

O menor desempenho den­tro dos serviços foi o de outras atividades de serviços com retra­ção de 12,1%. Nelas, estão inclu­ídos os restaurantes, academias e hotéis. De acordo com Rebeca Palis, os serviços prestados às famílias foram os mais afetados negativamente pelas restrições de funcionamento.

“A segunda maior queda ocorreu nos transportes, ar­mazenagem e correio (-9,2%), principalmente o transporte de passageiros, atividade econômi­ca também muito afetada pela pandemia”, explica. Ainda no setor de serviços, as atividades de administração, defesa, saúde e educação públicas e segurida­de social registraram recuo de 4,7%, o comércio de 3,1%, infor­mação e comunicação de 0,2%.

As atividades financeiras, de seguros e serviços relacio­nados tiveram movimento diferente em 2020 e subiram 4,0%, como também as ativi­dades imobiliárias com alta de 2,5%. Na indústria, o destaque negativo da queda de 3,5% foi o desempenho da construção (-7,0%), que voltou a cair de­pois da alta de 1,5% em 2019.

Outro dado negativo obser­vou-se nas indústrias de trans­formação (-4,3%), influencia­das pela queda na fabricação de veículos automotores, outros equipamentos de transporte, confecção de vestuário e meta­lurgia. Eletricidade e gás, água, esgoto e atividades de gestão de resíduos tiveram retração de 0,4%. Já as indústrias extrativas subiram 1,3%. A explicação é a alta na produção de petróleo e gás, o que compensou a queda da extração de minério de ferro.

Os aumentos da soja (7,1%) e do café (24,4%) ajudaram a agropecuária a crescer 2,0%. Os dois produtos tiveram pro­duções recordes na série histó­rica. Mas algumas lavouras ob­servaram variação negativa na estimativa de produção anual, como a laranja (-10,6%) e o fumo (-8,4%).

“Isso decorreu do cresci­mento da produção e do ganho de produtividade da agricultura, que suplantou o fraco desem­penho da pecuária e da pesca”, observa a coordenadora. Na comparação com o ano anterior, todos os componentes relativos à demanda caíram em 2020.

O consumo das famílias teve o menor resultado da série histó­rica (-5,5%). Conforme a coor­denadora de Contas Nacionais, isso pode ser explicado, princi­palmente pela piora no mercado de trabalho e a necessidade de distanciamento social.

O consumo do governo recuou 4,7% e também foi recorde. O motivo é o fecha­mento de escolas, universi­dades, museus e parques ao longo do ano. Depois de uma sequência positiva de dois anos, os investimentos – a For­mação Bruta de Capital Fixo – caíram 0,8%. A balança de bens e serviços registrou que­da de 10,0% nas importações e 1,8% nas exportações.

O Brasil ficou em 21º lugar em um ranking de crescimen­to econômico de 50 países em 2020, segundo a agência de classificação de risco Austin Rating. O tombo da economia brasileira foi menor que o da média desses países (-4,8%), mas acima da verificada no mundo (-3,5%). Apenas três terminaram o ano marcado pela pandemia da covid-19 no azul: Taiwan, China e Turquia.

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