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Imposto de importação será menor, mas preço não cairá de imediato

ALFREDO RISK

Fabiano Ribeiro

O Comitê Executivo de Gestão da Câmara de Comér­cio Exterior (Camex) decidiu reduzir o Imposto de Impor­tação de bicicletas, atualmen­te cobrado sob a alíquota de 35%. A resolução do órgão determina que a taxa caia gra­dativamente, passando para 30% a partir de 1º de março, depois para 25% a partir de 1º de julho, e, por fim, para 20% a partir de dezembro deste ano. A medida foi publicada no Di­ário Oficial da União (DOU) no dia 18 de fevereiro.

No entanto, isso não signi­fica que o preço das bicicletas diminuirá na mesma propor­ção e no mesmo cronograma. O Tribuna ouviu dois pro­prietários de lojas de bicicletas importadas que explicaram os motivos pelos quais, os valores não reduzirão muito no Brasil.

Segundo Lucas Carluccio, o Tutinha, ciclista, ex-atleta e um dos proprietários da BC Ciclismo, a medida da Camex é um retorno ao que já era pra­ticado no passado. Ele explica que antigamente o imposto era de 20%. Mas um movimen­to da Abraciclo (Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Simi­lares), encabeçada pela Caloi e montadoras de moto, pediu proteção ao mercado interno e o imposto foi aumentado de 20% para 35%.

“O argumento foi que eles estavam investindo e tería­mos bicicleta de qualidade, o que nunca aconteceu. Agora depois de 10 anos vai cair gra­dativamente. Essa medida só fez aumentar os preços, inclu­sive os de produto interno que acompanharam os valores dos importados”, avalia Tutinha. O empresário acredita que impacto será positivo. “Já tem muita gente perguntado”.

O ciclista e empresário José Marcos Silveira, pro­prietário da Multibike Spe­cialized, também avalia a medida como positiva. “Há 28 anos temos uma empresa que trabalha com bikes im­portadas e pagamos sempre um imposto injusto que foi ainda maior nos últimos anos por conta do protecionismo às indústrias Brasileiras da Zona Franca de Manaus”.

Silveira acredita que com a redução do imposto de im­portação, o impacto no preço das bicicletas importadas não atingirá mais que 10%. “A re­dução de preços irá depender de vários fatores, mas segura­mente para 2022 teremos uma pequena redução dos preços na ordem de 10% não mais. Fatores como o dólar, fretes internacionais e aumento das commodities aço e alumínio seguramente não deixarão os preços caírem”, explica Silveira.

Em síntese, a redução não será proporcional e nem auto­mática, ou seja, quando abai­xar os 5% em 1º de março, os valores não diminuirão 5%.

Tutinha explica que tudo que está no país chegou com imposto de 35% e não há como reduzir. “O que chegar a partir de 1º de março é teoricamente 5% a menos no imposto de im­portação, mas não é em tudo, só no imposto de importação. Não significa redução de 5% no preço final. A Trek (uma das principais marcas inter­nacionais) fez um estudo que quando a redução de imposto chegar a 10%, o máximo que pode acarretar em redução de preço final é de 6%. Talvez em janeiro (quando chegar aos 20%) chegue a 9 ou 10% (re­dução no preço final)”.

Silveira acrescenta que ou­tros fatores influenciam direta­mente e pressionam o preço de produtos importados. “Ainda essa semana por conta da troca da direção da Petrobrás vimos uma alta expressiva do dólar que impacta na cadeia produ­tiva”, finaliza.

Procura por bikes aumenta na pandemia
De acordo com um levantamen­to realizado pela Associação Brasileira do Setor de Bicicletas (Aliança Bike), que ouviu lojis­tas, fabricantes e montadores de todo o país, em 2020 foi registrado uma média de 50% de aumento nas vendas de bicicle­tas em comparação a 2019.

O levantamento indica que o pico das vendas ocorreu em julho, com um aumento de mais de 118% nas vendas de bicicle­tas, em comparação ao mesmo período de 2019.

O ciclista e empresário José Marcos Silveira, proprietário da Multibike Specialized, concorda. “A procura por bicicletas cresceu muito com a pandemia, ninguém consegue ficar tanto tempo preso dentro de casa e ir a uma academia ou passear em um shopping é extremamente peri­goso na pandemia que estamos enfrentando. Creio que a deman­da continuará a crescer pelos próximos dois anos”, aponta.

Lucas Carluccio, o Tutinha, ciclista, ex-atleta e um dos proprietários da BC Ciclismo confirma que no momento em que shoppings, academia, e a grande maioria do comércio ficou fechado por conta da pandemia, “o público correu pra bicicleta, vendeu muito”.

“Tivemos mês com 300% de aumento de venda, foi uma coisa louca que nem o mais otimista es­perava isso, nunca aconteceu isso na história da nossa loja”, avalia.

Tutinha afirma que as vendas continuam aquecidas. “Tínhamos uma realidade até maço/abril de 2020, houve o pico, agora baixou, mas mesmo baixando temos em torno de 40 a 50% a mais de volume de vendas, comparada ao que era antes da pandemia. Estou falando apenas da minha parte”.

“Agora é esperar para que a redução de imposta possa bai­xar realmente os preços, torcer para que o dólar e frete, que são altos, baixem, e termos bicicleta acessível para todos” finaliza.

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