Tribuna Ribeirão
Economia

Juro do cartão sobe para 329,3% ao ano

MARCELLO CASAL JR./AG.BR.

Com as famílias em difi­culdades para fechar as contas durante a pandemia do novo coronavírus, em meio à retra­ção da atividade e ao desem­prego, o juro médio total co­brado pelos bancos no rotativo do cartão de crédito subiu 1,5 ponto percentual de dezembro para janeiro, informou nesta quinta-feira, 25 de fevereiro, o Banco Central. A taxa passou de 327,8% para 329,3% ao ano.

Os dados apresentados nesta quinta pelo BC são in­fluenciados pelos efeitos da pandemia, que colocou em isolamento social boa parte da população, reduzindo a ativi­dade das empresas e elevando o desemprego. Com a carência de recursos, as famílias aumen­taram a demanda por algumas linhas de crédito nos bancos.

O rotativo do cartão, junta­mente com o cheque especial, é uma modalidade de crédito emergencial, muito acessada em momentos de dificulda­des. O juro do rotativo é uma das taxas mais elevadas entre as avaliadas pelo BC. Dentro desta rubrica, a taxa da mo­dalidade rotativo regular pas­sou de 301,9% para 311,7% ao ano de dezembro para janeiro. Neste caso, são considera­das as operações com cartão rotativo em que houve o pa­gamento mínimo da fatura.

A taxa de juros da moda­lidade rotativo não regular passou de 347,7% para 342,2% ao ano. O rotativo não regular inclui as operações nas quais o pagamento mínimo da fatu­ra não foi realizado. No caso do parcelado, ainda dentro de cartão de crédito, o juro passou de 148,9% para 161,5% ao ano. Considerando o juro total do cartão de crédito, que leva em conta operações do rotativo e do parcelado, a taxa passou de 57,4% para 60,8%.

Em abril de 2017, começou a valer a regra que obriga os bancos a transferir, após um mês, a dívida do rotativo do cartão de crédito para o parce­lado, a juros mais baixos. A in­tenção do governo com a nova regra era permitir que a taxa de juros para o rotativo do cartão de crédito recuasse, já que o risco de inadimplência, em tese, cai com a migração para o parcelado.

Atualmente, porém, o risco de inadimplência aumentou, justamente porque muitas fa­mílias estão enfrentando re­dução de renda, na esteira da pandemia. A taxa média de juros no crédito livre passou de 25,5% ao ano em dezem­bro para 28,4% ao ano em janeiro. Em janeiro de 2020, essa taxa estava em 33,7% ao ano. Para as pessoas físicas, a taxa média de juros no crédi­to livre passou de 37,2% para 39,4% ao ano de dezembro para janeiro, enquanto para as pessoas jurídicas foi de 11,7% para 15,2% ao ano.

Entre as principais linhas de crédito livre para a pessoa física, destaque para o cheque especial, cuja taxa passou de 115,6% ao ano para 119,6% ao ano de dezembro para janeiro. No crédito pessoal, a taxa passou de 30,3% para 32,9% ao ano.

Desde julho de 2018, os bancos estão oferecendo um parcelamento para dívidas no cheque especial. A opção vale para débitos superiores a R$ 200. Em 6 de janeiro de 2020, o BC passou a aplicar uma limitação dos juros do che­que especial, em 8% ao ano (151,82% ao ano).

A inadimplência (conside­rados atrasos acima de 90 dias) das famílias, no crédito livre, caiu 0,1 ponto percentual, indo para 4,1%. A inadimplência das empresas no crédito livre aumentou 0,2 ponto percentu­al para 1,6%, informou o Ban­co Central.

Em janeiro, o estoque de todos os empréstimos conce­didos pelos bancos ficou em R$ 4,020 trilhões, estável em relação a dezembro e com ex­pansão de 16% em doze me­ses. Esse saldo do crédito cor­respondeu a 54,1% de tudo o que o país produz – o Produto Interno Bruto (PIB).

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