O juiz Ricardo Leite, da 10ª Vara Federal de Brasília, negou nesta quinta-feira, 25 de fevereiro, pedido de prisão de Walter Delgatti Neto, o “Vermelho”, um dos investigados pela invasão dos celulares de diversas autoridades, entre as quais, o ex-juiz Sergio Moro e procuradores da Operacão Lava Jato.
Walter Delgatti Neto foi preso em julho de 2019 no Edifício Premium, na avenida Leão XIII, no bairro da Ribeirânia, na Zona Leste de Ribeirão Preto, acusado de ser o mentor do grupo de hackers que invadiu contas de autoridades no aplicativo Telegram.
Luiz Henrique Molição, de 19 anos, foi detido em setembro do mesmo ano na casa onde mora, no bairro Primeiro de Maio, em Sertãozinho – fechou acordo de delação premiada e, por ordem do juiz Vallisney Oliveira, também da 10ª Vara Federal, cumpre prisão domiciliar e utiliza tornozeleira eletrônica. Os dois se conheceram na faculdade de direito, em Ribeirão Preto.
No entanto, o magistrado alertou que a prisão poderá ser decretada caso Delgatti continue a dar entrevistas à imprensa. A prisão foi pedida na semana passada pelo Ministério Público Federal (MPF) após o investigado conceder entrevista a um site na internet. Segundo os procuradores, “Vermelho” violou a privacidade e o sigilo das pessoas que foram citadas.
Ao analisar o caso, durante audiência na tarde de ontem, o juiz Ricardo Leite reconheceu que Delgatti estava burlando suas decisões anteriores que impediram a concessão de entrevistas e o acesso à internet, mas não decretou a prisão. O juiz disse que o investigado não pode divulgar o conteúdo das mensagens a que teve acesso ao participar do hackeamento das autoridades.
“Ele extrapolou essa questão, falando das mensagens que foram invadidas. Não fica bem e viola o bem jurídico da intimidade, essa questão de dar publicidade”, afirmou. A defesa diz que Walter Delgatti não descumpriu nenhuma das cautelares impostas anteriormente pelo juiz e que o acesso à internet foi feito pelo próprio advogado. “As entrevistas não violaram nenhum bem jurídico. O acesso à rede mundial de computadores não foi feito pelo Walter”, declarou a defesa.
Delgatti Neto, Molição outros acusados foram presos na Operação Spoofing, da Polícia Federal, deflagrada em 2019. A investigação apurou a invasão de celulares de autoridades. Segundo as investigações, os acusados invadiram os aparelhos por meio de uma brecha no aplicativo de mensagens Telegram.
Em setembro do ano passado, o juiz Ricardo Leite revogou a prisão dos acusados e a converteu em medidas cautelares, como uso de tornozeleira eletrônica e a “proibição absoluta de acessar endereços eletrônicos pela internet – inclusive com a utilização de smartphones –, redes sociais, aplicativos de mensagens”.