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Coluna – A lucrativa parceria entre animes e esporte eletrônico

© Reprodução Twitter/Dota 2

A ligação entre animação japonesa, os animes, e o esporte eletrônico sempre foi muito próxima, e nos últimos dias tivemos três novos exemplos disso. Um deles é o meme que misturou os times (fictícios) de vôlei do desenho Haikyuu!! com equipes notórias de e-sports de Valorant no Brasil. Diversas montagens com os uniformes vestidos pelos personagens do desenho animado modificado para aqueles utilizados por equipes reais de e-sports têm feito sucesso na internet.

Outras duas notícias também mostram a força da união dos animes com os games competitivos. A Team Liquid fechou um patrocínio com a Viz Media, empresa americana que licencia franquias famosas dos desenhos animados japoneses, e anunciou uma linha de produtos, com direito a uniformes temáticos – exatamente como fizeram com os heróis da Marvel um tempinho atrás.

Para completar, na semana passada, a Valve revelou um anime baseado no universo DOTA, com estreia prevista para 25 de março, exclusivamente na Netflix. O trailer de DOTA: Dragon´s Blood apresenta personagens bem conhecidos pelos jogadores, como Davon e Princesa Mirana. O objetivo por trás disso é claro: expandir o universo do game por meio de outras mídias, criando novas oportunidades de faturamento, e atrair, paralelamente, uma gama de usuários ainda maior a seus games.

É uma estratégia adotada pela Riot Games, que até pouco tempo atrás só tinha o jogo League of Legends (LoL) e os torneios oficiais como seus únicos produtos. A expansão do universo LoL começou com os quadrinhos publicados pela editora Marvel. Para o ano que vem, a empresa está preparando Arcane, um desenho animado inspirado nas animações japonesas.

A fusão entre animes e games é lugar-comum desde que os primeiros consoles japoneses surgiram no Japão no fim dos anos de 1970. Fato que continua em voga nos dias de hoje, com exemplos que vão muito além de Pokémon. Atualmente, por exemplo, está disponível na plataforma de streaming Crunchyroll uma nova animação baseada em Dragon Quest, um dos jogos mais populares da história.

Mas, curiosamente, o esporte eletrônico ainda não é um tema recorrente em produções japonesas. Exceções são raras. Isso talvez se explique pelo baixo interesse pelo e-sportso, resultado de uma legislação que trata competições esportivas de games como jogos de azar e limita o valor das premiações. Uma exceção, talvez, seja High Score Girl, embora este mangá/anime aborde muito mais o relacionamento entre um casal de adolescentes feras nos fliperamas na década de 90.

A China, por sua vez, é uma potência nesse quesito. Estima-se que tenha faturado US$ 385 milhões no ano passado (aproximadamente R$ 2 bilhões), muito acima dos US$ 252 milhões (cerca de R$ 1,4 bilhão) esperados para o mercado americano. Com um apoio que se estende até o governo local, não surpreende que o assunto seja abordado em outras mídias. O maior exemplo disso é The King’s Avatar (Quánzhí Gaoshou, no original). O desenho animado de 2017 conta a história de um jogador profissional chamado Ye Xiu e sua jornada em torno da cena esportiva do game fictício Glory. A obra fez tanto sucesso que gerou uma adaptação live-action que atraiu bilhões de visualizações na Tencent Video, plataforma de streaming chinesa.

A presença de animes em e-sports também é bem recorrente. Vale destacar Naruto e Dragon Ball, franquias campeãs em adaptações, algumas delas usadas em competições de renome como o EVO. A animação japonesa é uma fonte de inspiração frequente na criação de personagens e recursos em games como LoL e Fortnite. Conteúdos baseados em franquias famosas dos desenhos japoneses também já marcaram presença no Free Fire, que incluiu personagens de Ataque de Titãs e One-Punch Man no game.

Junto com o lançamento das já citadas produções baseadas em LoL e Dota, não surpreenderia se a simbiose entre animes e games seguisse em uma crescente daqui em diante.

Edição: Cláudia Soares Rodrigues

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