Depende de nós; Se este mundo ainda tem jeito; Apesar do que o homem tem feito; Se a vida sobreviverá. Os versos finais da música “Depende de nós”, do cantor e compositor Ivan Lins, estão extremamente apropriados para os nossos dias. Isso porque os casos de covid-19 seguem em crescimento, a pandemia continua presente, mas uma parte das pessoas ignora que pode sofrer o contágio, ficar doente e até precisar de internação em Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) cuja lotação de leitos dos hospitais públicos e particulares tem ultrapassado os 75%, apesar do aumento no número.
Assim, novamente a afirmação, vencer este período difícil da vida em todo o mundo depende muito mais de todos nós do que apenas de governantes, policiais, fiscais etc. Claro, dependemos de profissionais da saúde, para cuidar dos doentes, e da ciência, para a produção de remédios e imunizantes. Mas evitar o contágio é tarefa nossa, com a manutenção dos hábitos simples que deveriam ser mantidos por todos, o que infelizmente não acontece como deveria ocorrer. A pandemia continua e até recrudesce de forma significativa. Logo, o remédio à disposição neste momento continua a ser a prevenção.
Não é mais o momento de a população esperar que as autoridades encontrem alguma forma mágica para debelar de vez a doença. A solução, até que consigamos vacinar todas as pessoas, é evitarmos a transmissão. E isso se faz com distanciamento social, uso de máscaras quando sair de casa, higiene constante das mãos etc., como os veículos de comunicação divulgam todos os dias. Devemos substituir a frase “alguém precisa fazer alguma coisa” por “precisamos fazer alguma coisa” ou “precisamos fazer a nossa parte”. Temos, todos nós, que assumir as responsabilidades pela contenção da covid-19.
As autoridades devem e têm tomado medidas para reduzir o avanço do contágio, assim como apresentam orientações constantes para que as pessoas utilizem também as medidas de prevenção. Tem ocorrido, no entanto, muita irresponsabilidade ou incapacidade de as pessoas entenderem a letalidade da doença, as dificuldades de tratamento e a limitação dos serviços de saúde. Para ficar num exemplo, no final de semana passado, a força tarefa de fiscalização de Ribeirão Preto fez 29 inspeções, lavrou 14 autos de infração e encerrou cinco eventos clandestinos em uma madrugada.
Além destes, devem ter ocorrido mais eventos que não chegaram ao conhecimento dos responsáveis pela fiscalização. Isso porque nenhuma administração pública, em qualquer que seja a instância, possui estrutura suficiente para fiscalizar a todos por todo o tempo. Precisa contar com a consciência das pessoas. Porque quem transgride as regras estabelecidas, não cometem uma transgressão comum, mas atentam, mesmo que indiretamente, contra a própria vida e a vida de terceiros. Por isso precisamos de colaboração. Porque a doença é um problema mundial e atinge a todos.
Estamos trabalhando para ter as vacinas necessárias à imunização em massa, mas ainda temos problemas de produção e de importação, mesmo que de insumos. E precisamos atravessar este período entre a transmissão em crescimento – principalmente com a nova cepa, com maior poder de transmissão – e a imunização em grande escala.
E nesse intervalo a conscientização é fundamental. Até contamos com uma campanha de divulgação de entidades empresariais da cidade com o mote: “Se você não colaborar, não adianta reclamar”. E essa é a realidade. Sem colaboração, teremos muitas reclamações, já sobre o leite derramado.