Muitos pensam: “Da unidade da crença e disciplina passamos ao questionamento, quando não à hostilidade”.
Alguns bispos e padres se posicionam contra o Papa, acusando-o de heresia e pedindo sua renúncia. Nesta pandemia, católicos conservadores questionam a ausência da eucaristia e se esquecem que a Eucaristia sem lava pés, perde seu sentido.
Imitam exemplos de mandatários que fazem pouco caso à letalidade do Covid-19, ironizam a vacina e máscaras, negam a ciência, e fomentam aglomerações. Alguns religiosos julgam o fechamento de igrejas como falta de fé.
Na disciplina clérigos insistem no uso de batina e não aceitam a discussão sobre o celibato, contestam o Sínodo da Amazônia e até o Concílio vaticano II. Apóiam-se no silêncio de boa parte do clero e até procuram respaldo em políticos da extrema direita, negacionistas e terraplanistas.
Quais cavaleiros do Apocalipse de batina, desligados da vivencia quotidiana, esquecem da finalidade da lei que é a vida. Empunham armas e usam as letras das leis como baluartes de seus princípios, ignorando a caminhada da sociedade.
Na pátria de Trump, horrorizados, e justamente, pelos delitos do aborto, fazem da criminalização a bandeira do verdadeiro cristianismo. Tacham de anti Cristo, quem vê o flagelo do aborto sob ângulo diferente.
Sem nenhum escrúpulo espalham mentiras, mandam refugiados de volta à morte certa, verdadeiros ecocidas a incentivar políticas que agravam a mudança climática e pior, separam crianças dos pais, muitos destes na tortura de encontrar a própria família. E ainda vestem-se de paladinos da moral cristã.
No outro extremo temos bispos, notadamente na Alemanha, que pregam a abolição do celibato, o sacerdócio para as mulheres e declaram que a preferência sexual dos humanos pode assumir na puberdade uma orientação heterossexual ou homossexual.
A respeito do aborto há religiosos que crêem se tratar de uma questão de saúde pública sob alegação de que mulheres pobres morrem em fundos de quintais enquanto as mulheres ricas viajam para países onde o aborto não é criminalizado.
Também dizem: “Já que a lei não consegue eliminar o crime como a prostituição ou o alcoolismo, que pelo menos, o estado laico, faça campanhas educacionais e tente diminuir as mortes das mães com campanhas educativas.“
A história da cristandade é caracterizada pelas lutas, perseguições e divisões. Sempre na Igreja, com a pretensão da ortodoxia, há grupos querendo impor fardos pesados nos discípulos de Cristo. Nos tempos apostólicos queriam obrigar os gregos ao rito da circuncisão.
Precisou do primeiro Concílio para dirimir o problema. Antes das modernas tecnologias da comunicação instantânea ao alcance de todos, as notícias mal chegavam ao povo. Hoje, o povo por desconhecer a história da Igreja, se pergunta : “Que está acontecendo na Igreja, agora?”
No meio do mar revolto navega o barco de Cristo com seu timoneiro Francisco. O Papa não se assusta com os problemas da polarização política e nem com o inimigo acusador, o demônio, que não dá sossego a espalhar o joio. O Pontífice sabe que evangelho não é monopólio da direita ou esquerda.
Sabe também que quem está no comando é o Filho de Deus e contra ele e a sua Igreja as forças infernais não prevalecem. Com tranquilidade procura conciliar tudo na certeza da vitoria do Senhor.
Dize-se que quando Napoleão levou preso Pio VII teria afirmado que este seria o último Papa a reinar. A nêmese histórica decretou o contrario: Napoleão, o anticristo, como o apelidara a rainha Maria I de Portugal, terminou melancolicamente na perdida ilha Santa Helena, enquanto o Papa, em Roma, continua a ser o herdeiro das chaves do Reino do Nazareno.