Reconhecido no cenário artístico ribeirão-pretano, Tom Coalla é versátil, seja como DJ ou guitarrista banda punk Distúrbio Mental. Agora ele apresenta um novo trabalho, desta vez com a banda Cidda, que outrora foi Start Today. Coalla em bate papo com o Tribuna e fala sobre essa mudança, que se tornou uma homenagem à mãe Dona Aparecida e sobre o lançamento do álbum “As veias abertas da periferia” que já está disponível nas principais plataformas digitais e reflete um pouco sobre a vivência enquanto morador do bairro Adelino Simioni, zona Norte da cidade.
Coalla é o único remanescente da banda formada em 2008. “Passamos por diversas formações, sendo eu o único integrante da formação original. Já houve tempos que além de cantar eu era o guitarrista. Teve um show que eu toquei baixo também. Atualmente sou somente vocalista e percussionista (rsrsrs). Acho que essa movimentação e versatilidade estão enraizadas na banda e sou grato pela oportunidade de ter feito tudo isso”.
O músico diz que após 13 anos, decidiu alterar o nome da banda de Start Today para Cidda, por perceber que o antigo nome não mais expressava a universalidade que queria transmitir em suas canções.
“Esse foi o principal motivo do hiato da banda que durou três anos e meio, além de eu precisar resolver algumas questões pessoais. Sabe, nesses 13 anos eu mudei muito e fui transmitindo essas mudanças nas músicas e na identidade da banda. Houve um momento que esse antigo nome já não mais fazia sentido e precisei buscar outro. Mas isso não foi uma tarefa fácil. Porém, depois de muita pesquisa eu encontrei o nome que eu queria em um lugar que sempre esteve ao meu alcance: em minha mãe. Dona Aparecida foi uma mulher guerreira que criou seus filhos com muito amor e venceu grandes batalhas em sua vida. Graças a luta dela eu pude ter acesso a várias coisas que muitas vezes ela mesma foi privada de ter. Em homenagem a ela e a todas essas mulheres guerreiras, resolvi alterar o nome da banda para Cidda”, diz.
Neste início de ano a Cidda lançou o álbum “As veias abertas da periferia”, disponível nas principais plataformas digitais. O disco foi gravado em 2013, mas, segundo Coalla, “foi totalmente ressignificado recebendo nova capa, novo nome e com a identidade da nova fase”.
“O álbum possui 10 faixas e as letras falam da minha vivência enquanto morador do Simioni, bairro periférico de Ribeirão Preto, e sobre como encaro algumas questões pessoais e sociais que nos cercam. Amor, luta, superação. São canções que fiz com muito coração e gostaria que sentissem nessa mesma sintonia”, acrescenta.
Atualmente a Cidda é composta, além de Tom Coalla (vocal e percussão), por Victor Ribeiro (guitarra), Henrique Gomes (baixo), Rafael Nogueira (guitarra) e Rafael Elias, o Rads (bateria).
Coalla diz que, assim como grande parte da classe artística, eles também sofrem por causa da pandemia. “Tínhamos a intensão de retomar as atividades em 2020, pois estávamos em hiato há quase quatro anos e a covid atrapalhou tudo. Mas por outro lado, esse período proporcionou muita reflexão, sabe… nessa fase consegui resolver todas as pontas soltas da banda, a identidade visual, repensei o meu papel enquanto artista… isso foi fundamental para tomar um fôlego e seguir adiante.
Nesse meio tempo o nosso antigo baterista, o Rafael Elias, decidiu sair da banda para resolver alguns problemas pessoais. O Rafa estava há bastante tempo na banda e serei eternamente grato por toda a sua dedicação na Cidda”.
O líder da banda Cidda também comentou o processo de escolha do substituto de Rafael Elias. “Foi muito diferente de tudo que já me aconteceu nesses 17 anos que me dedico à música. Nunca havia feito seleção de músico por meio de vídeo conferência e com todo processo online antes. Foi esquisito, sentia falta do contato, sabe. Mas a música nos aproxima e logo esse processo fluiu tranquilamente. Ali eu tive a certeza de que estava recomeçando a minha banda em um contexto totalmente novo. Hoje estamos mais que preparados para encarar o mundo pós-pandemia com muita vontade de fazer nossa música, pegar estrada, fazer novos amigos e tocar, tocar e tocar”, finaliza.