A educação básica privada no Brasil é um negócio muito lucrativo, com os grandes conglomerados vendendo ações no mercado interno e externo, e para mostrar a sua eficiência vendem a ideia do sucesso profissional, colocando seus alunos nas principais universidades brasileiras; que por ironia do destino são todas públicas. E neste contexto a depreciação proposital da escola básica pública é um projeto intermitente dos governos.
O sofisma cuida para que novas políticas aparentem um ar de verdade, e como sempre acontece, os incautos e os pulhas rasgam seda para esta politicagem, que beira a canalhice. Depois que a Constituição estabeleceu que no mínimo 25% das receitas de estados e municípios fossem investidos na educação básica pública, o capital financeiro, como sempre acontece vislumbrou uma janela de oportunidade, para auferir grandes lucros.
A pressão das redes privadas para abertura das escolas em plena pandemia é o termômetro mostrando que o valor do capital financeiro está muito acima da vida humana. O secretário estadual de Educação de São Paulo, pressionado pelo Conselho Estadual de Educação de São Paulo, que é composto de 70% de donos de escolas, decidiu unilateralmente que as aulas presenciais nas redes públicas e privadas retornariam no inicio do mês de fevereiro de 2021, mesmo que as condições estruturais das escolas públicas estejam indo de encontro ao que determina os protocolos sanitários, e neste diapasão Ribeirão Preto segue a mesma trilha.
E essa pressão pela abertura das escolas encontra guarida em opiniões de pediatras e psicólogos, que afirmam que há prejuízos sociais e psicológicos para as crianças e adolescentes, que há um ano estão fora das salas de aula, afirmam que a escola, principalmente a pública é um fator de proteção contra a violência, que muitas vezes o educando sofre no próprio seio familiar, e que a falta da convivência com seus pares causam graves problemas psicológicos, na entanto falam com a visão de quem tem os filhos na rede privada.
Até a pandemia essa gente não se manifestava sobre a falta de condições estruturais das escolas públicas, onde estudam ou tentam estudar os filhos dos pobres. Em 2019 havia mais de doze milhões de analfabetos no Brasil com 15 anos ou mais, quase três milhões de crianças e jovens estavam fora da escola, a evasão escolar no ensino médio é exponencial, no entanto essa gente de “bem” que têm seus filhos nas redes privadas, estava preocupada em apoiar o escroto projeto da “escola sem partido”, e na mão grande queriam abocanhar o dinheiro do Fundeb, que é destinado às redes públicas.
O famoso político mineiro; Benedito Valadares, dizia com propriedade: “quando não se quer resolver um problema, é só criar uma comissão”, e essa máxima é usada com propriedade em nossa cidade pela Prefeitura e pela Secretaria da Educação. Comissões mistas são criadas pela Secretaria com o intuito de encontrar coletivamente soluções para os problemas da educação, no entanto há um cuidado para que estas comissões nunca sejam paritárias, e a Secretaria tem sempre a palavra final. E com esse sofisma institucionalizado a participação é apenas proforma.
O secretário municipal da Educação tem afirmado nas sessões do Conselho de Educação, que há muitas criticas sobre o seu trabalho e da sua equipe técnica, que os conselheiros deveriam ser mais propositivos e menos críticos. Acontece que a democratização da educação básica em todos os níveis, é preconizada pela Constituição, e abre caminhos para o diálogo e o debate coletivo e com isso encontrar as melhores soluções, só que o Secretário e sua equipe técnica são adeptos do monologo, e não aceitam mudanças nas suas posições, as vezes até mudam de opinião, como aconteceu com a data do retorno das aulas presenciais, mas não por ter ouvido o Conselho – são ordens superiores.