Tribuna Ribeirão
Política

Flexibilização do Plano SP deve retornar à CCJ

THAÍS COROADO/CÂMARA

Jean Corauci (PSB) preten­de pedir à Comissão de Consti­tuição, Justiça e Redação (CCJ) da Câmara de Vereadores uma nova avaliação do parecer que considerou inconstitucional seu projeto de lei sobre relaxa­mento das regras do Plano São Paulo. O parlamentar pretende transformar 13 atividades co­merciais em essenciais durante pandemia do coronavírus.

Estão na lista bares, co­mércio em geral, restauran­tes, shopping centers, praças de alimentação, escritórios de advocacia, contábeis e imobi­liários, de corretagem de se­guro e empresas de tecnologia. A proposta inclui também as competições esportivas de alto rendimento, Câmara de Ve­readores e as secretarias e au­tarquias municipais, além das igrejas e templos religiosos.

Na terça-feira, 9 de feverei­ro, a CCJ deu parecer contrário ao projeto baseada em decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ/SP), que julgou in­constitucional um decreto da prefeitura de Bauru que afrou­xava a quarentena na cidade. A região bauruense está na fase vermelha do Plano São Paulo.

Segundo a Comissão de Justiça, não seria função dos vereadores propor leis des­te tipo. Na sessão de terça­-feira, a decisão da CCJ foi contestada por comerciantes, principalmente donos e fun­cionários de bares, que par­ticiparam da sessão. Um dos parlamentares hostilizados foi Isaac Antunes (PL), presi­dente da comissão. A Guarda Civil Metropolitana (GCM) acompanhouos protestos.

Para poder pedir a recon­sideração, Jean Corauci terá de protocolar o pedido no prazo máximo de três dias contados a partir do parecer anterior. A solicitação preci­sa ter, ainda, a adesão de no mínimo doze vereadores. Ou seja, maioria absoluta da Câ­mara de Ribeirão Preto, com­posta por 22 parlamentares.

Até o fechamento desta reportagem, o parlamentar havia conseguido a adesão de Lincoln Fernandes (PDT) e Luis Antonio França (PSB). Após receber o pedido, caso sejam obtidas as assinaturas necessárias, a CCJ analisará o documento e pode manter a decisão ou alterá-la.

Na opinião de Jean Corau­ci, o projeto resguardava os direitos garantidos constitu­cionalmente, como ao lazer, a saúde, a alimentação e ao tra­balho, nos termos do artigo. 6º da Constituição Federal. “São direitos sociais a educa­ção, a saúde, a alimentação, ao trabalho, a moradia, o trans­porte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição”, garante o parlamentar.

O problema é a propaga­ção da covid-19 e a alta taxa de ocupação de leitos de terapia intensiva na cidade, que pode até rebaixar Ribeirão Preto, nesta sexta-feira (12), para a fase vermelha. Além disso, se toda categoria que bater à por­ta do Legislativo for considera­da essencial, o Plano São Paulo perderá o sentido e a quarente­na não terá mais controle.

Segundo pesquisa da Asso­ciação de Bares e Restaurantes (Abrasel), 65% dos empresá­rios do segmento não têm todo ou nenhum recurso para qui­tar a folha de pagamento de ja­neiro, que venceu na sexta-fei­ra (5). O levantamento mostra que 62% dos bares de Ribeirão Preto devem fechar suas portas definitivamente nos próximos dois meses e 17% encerrarão as atividades nos próximos dias se a abertura ao público continuar impedida.

Mais de 80% das empresas deixaram de pagar seus im­postos em 2020 para honrar a folha de pagamento dos fun­cionários e 47% estão sem pa­gar fornecedores. Quase 100% destes estabelecimentos têm planos de dispensar pelo me­nos 10% do quadro de funcio­nários – 25% devem demitir um quarto e 21% pretendem diminuir pela metade a quan­tidade de colaboradores.
Segundo a Abrasel, muitos trabalhadores não contaram com o salário em suas contas na última sexta-feira, já que 36,4% dessas empresas não ti­nham recursos para pagar os salários e 28,6% disseram que pagariam o débito com atraso.

A análise também mostra ainda que 36,8% desses es­tabelecimentos estão com os aluguéis atrasados e 27,6% es­tão tentando uma negociação para evitar o despejo. A CPFL Paulista se destaca entre os cre­dores do segmento, já que 61% dos bares e restaurantes estão com as contas de energia elé­trica em atraso.

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