O Presidente Joe Biden incluiu nas iniciativas de seu governo a determinação de transformar a frota governamental americana, hoje movida a gasolina e diesel, em veículos elétricos produzidos por aquele país do norte. São cerca de 650.000 automóveis e caminhões, incentivando assim a popularização do veículo movido a eletricidade, que ali caminha vagarosamente, ao contrário da Europa e Ásia, onde levas de elétricos já circulam pelas ruas.
A ideia destes automóveis surgiu de movimentos ecológicos europeus, que se conscientizaram da grande poluição por eles provocada. Sensibilizaram os seus governos, que, por sua vez, pressionaram as montadoras. A partir de 2035, a maior parte dos países europeus e asiáticos não mais permitirá produzir veículos movidos por motores a combustão.
Existe hoje rodando pelo mundo uma frota de 1,3 bilhão de automóveis, que despejam uma quantidade enorme de poluentes na atmosfera. Dentre estes, somente 2 milhões são elétricos ou híbridos (produzem a própria eletricidade). No Brasil, nossa frota aproxima-se de 52 milhões de unidades, das quais aproximadamente 42 mil são elétricas ou híbridas. A adoção deste modelo é mais lenta entre nós porque temos energia pouco poluente, fornecida pelo etanol. Entretanto, teremos que nos adaptar.
No ano de 2019, antes da pandemia, enquanto o mundo vendeu 90 milhões de automóveis, o Brasil vendeu 2,6 milhões de unidades, ou seja, nosso mercado representa menos de 3% das vendas globais. Como as tecnologias são desenvolvidas nos países centrais, é muito difícil que as montadoras cuidem separadamente de um mercado de pouca expressão como o nosso, embora nos classifiquemos entre os 10 países maiores produtores. Podemos esperar que, daqui a 15 anos tenhamos nossos carros movidos todos pela eletricidade.
E quais são os desafios para adotarmos frota elétrica? Num país continental como o nosso, a implantação de postos de carga, substituindo a rede de estações de gasolina e diesel é um investimento portentoso em tempo e valores. Nossa geração de eletricidade precisa ser aumentada exponencialmente para que a sua utilização nos carros não concorra com os demais usos da energia, o que demanda mais tempo e investimentos. É bem verdade que já se cogita em produzir eletricidade pela queima de etanol, o que não comprometeria nossa matriz ecológica, pois o álcool é praticamente não poluente e as plantações de cana absorveriam o gás carbônico deste queima.
Está na hora de definirmos a nossa matriz energética para veículos a fim de nos prepararmos para a transição, definindo o que queremos para o futuro de nossa indústria automotiva. A Toyota, que foi pioneira no assunto, tem no Prius o veículo elétrico mais vendido no mundo. É um modelo híbrido, que utiliza motor a combustão e elétrico, produzindo sua própria eletricidade. Num projeto pioneiro, lançou no Brasil o seu modelo Corolla híbrido com motor de combustão a etanol, de baixíssimo teor de poluição. É uma solução brasileira, de muito interesse para nós, embora a tecnologia tenha sido toda desenvolvida no Japão.
Parece-nos que a melhor e mais rápida solução para este período transitório seria estimular o carro híbrido, que não necessita ser plugado na tomada. Através da energia cinética, obtida quando o veículo roda e pelo acionamento de seus freios, a eletricidade é gerada e guardada em uma bateria. Um sistema eletrônico gerencia a utilização dos motores, acionando ora o de combustão, ora o elétrico ou ambos, o que permite um consumo muito baixo de combustível. O sistema eletrônico analisa constantemente a carga da bateria, colocando o motor a combustão em funcionamento quando necessário.
É uma tecnologia pronta, a nossa disposição, modelo ideal até chegarmos ao elétrico puro.