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Serrana terá vacinação em massa

ALFREDO RISK/ARQUIVO

Todos os moradores de Ser­rana – cidade da Região Metro­politana de Ribeirão Preto – aci­ma de 18 anos serão vacinados contra a covid-19, por fazerem parte de um projeto de pesquisa do Instituto Butantan, que en­viará 30 mil doses da Corona­vac, desenvolvida em parceria com a biofarmacêutica chinesa Sinovac, quantidade suficiente para vacinar todos os adultos.

A cidade tem 45.844 habi­tantes, segundo estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O projeto inédito no mundo está sendo conduzido pelo Butantan em parceria com o Hospital Esta­dual de Serrana, o governo do Estado e a prefeitura da cidade. O município fica a 24 quilôme­tros de Ribeirão Preto e a 314,9 quilômetros da capital.

Somente moradores podem participar. Para facilitar a imu­nização em massa, a cidade foi divida em 25 partes, que depois formaram quatro regiões sepa­radas por cores. A vacinação será feita de quarta-feira a do­mingo, de acordo com o crono­grama para cada cor, a partir de 17 de fevereiro.

Com a primeira dose serão imunizados os moradores de Serrana da região verde (de 17 a 20 de fevereiro), em seguida os da região amarela (de 24 a 27 de fevereiro), da região cinza (de 3 a 6 de março) e da região azul (10 a 13 de março).

Segundo a prefeitura, os mo­radores só podem tomar a vaci­na no período correspondente à cor de sua região, por conta da metodologia da pesquisa.

A expectativa é a de que a vacinação seja concluída em dois meses. A partir de quar­ta-feira (10) será feito um cadastro dos moradores, que serão orientados sobre qual região pertencem.

Mulheres grávidas ou em amamentação, quem teve fe­bre nas últimas 72 horas antes da vacinação e portadores de doenças graves não podem receber a dose e um médico orientará a população sobre isso nos locais das aplicações. A prefeitura informou ainda que os postos de vacinação serão montados em oito escolas.

Segundo o diretor o Bu­tantan, Dimas Covas, a esco­lha da cidade para a pesquisa teve como um dos fatores o fato de no ano passado o mu­nicípio ter sido objeto de um inquérito sorológico para de­tectar a prevalência do novo coronavírus na população.

Os resultados apresentaram números elevados, que chama­ram a atenção do Butantan. Em uma das fases, chegou a mostrar que 5% dos moradores estavam ativos para c ovid-19. O objetivo do projeto é verificar o impacto de uma vacina em uma popula­ção inteira. Por isso, a ideia é va­cinar o maior número possível de pessoas adultas.

Com a iniciativa, que tem caráter de pesquisa clínica, será possível estudar a eficiência da vacina na diminuição da trans­missibilidade do vírus. A eficá­cia e a segurança do imunizante já foram comprovadas por meio de testes de fase 3 com 12,5 mil voluntários em 16 centros de pesquisa brasileiros.

“Foram feitos vários estu­dos clínicos para verificar qual a eficácia da vacina com relação à proteção. Nenhum foi dese­nhado para demonstrar o efei­to sobre a epidemia e as graves condições que a epidemia deter­mina”. Dimas Covas sclassificou a epidemia como “uma grande tragédia” que afeta todas as vidas de diversas maneiras, ultrapas­sando as barreiras do vírus, da doença e dos hospitais.

“É uma tragédia econômi­ca social, que quebra laços e o funcionamento normal de uma sociedade. Isso não é avaliado pelos estudos clínicos por isso temos que ter uma visão mais global.” A meta é a de vacinar pelo menos 30 mil pessoas na ci­dade. A participação no estudo é opcional, mas Dimas reforçou que quanto maior for a adesão, maior será a contribuição do es­tudo para o mundo.

“Com isso a gente acompa­nha a evolução da epidemia, avaliando aspectos técnicos que permitirão fazer cálculos, projeções, calcular se a vacina é eficaz em diminuir a trans­missão. Para a população im­portante é que ela estará sendo vacinada em massa.”

Serrana também foi esco­lhida por ter cerca de dez mil habitantes que se deslocam diariamente para a região por conta de trabalho, o que pode favorecer a propagação do novo coronavírus. Além disso, a cida­de fica perto de Ribeirão Preto, considerado importante polo de saúde do país, que fornecerá es­trutura de apoio para a pesquisa.

Uma das perguntas que a pesquisa quer responder é se com a Coronavac será possí­vel o país sair da pandemia. A vacinação não será obrigatória, mas a meta do Butantan é va­cinar o maior número possível de pessoas da população adul­ta. “Já sabemos que essa vacina é segura e eficaz, mas agora, quando pensamos no coletivo, na sociedade, será que nós va­mos conter a pandemia com essa vacinação? Não estamos pensando em pessoas isoladas. Estamos pensando em comu­nidades”, diz.

“Estamos prevendo uma vacinação que pode chegar a 30 mil pessoas. E, com isso, a gente acompanha a evolução da epidemia. Tem aspectos técnicos que vão permitir fa­zer cálculos, fazer projeções, que vão calcular se a vacina é eficaz em diminuir a transmis­são ou não, qual a porcenta­gem. Tem toda uma metodo­logia que vai permitir que isso seja feito”, explica Covas.

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