O Índice de Preços dos Supermercados (IPS), calculado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) para a Associação paulista de Supermercados (Apas), fechou dezembro em alta de 2,2%. Com o resultado, a inflação acumulada em 2020 foi de 15,02%. Os principais fatores que contribuíram para este aumento são reflexo da pandemia, como a desvalorização do real.
A Apas também cita a exportação de grãos utilizados majoritariamente para ração, como a soja e o milho, o encarecimento dos custos de produção puxado pela alta no preço da energia elétrica, o aumento no custo dos combustíveis impactando o transporte e o aumento expressivo da demanda para o consumo caseiro.
As carnes bovina e suína registraram altas de 16,3% e 31,5%, respectivamente. Os preços dos produtos industrializados fecharam 2020 com alta de 14,50%, impactados principalmente pela elevação dos preços dos derivados do leite (15,60%), leite em pó (20,14%) e queijo muçarela (35,55%).
Os preços da carne bovina (16,36%) e da suína (31,56%) e da muçarela (35,55%) já estão mais caros em 2021 porque sofreram reajuste de alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) no dia 15 de janeiro. A alíquota da carne foi reajusta em 0,2% e do queijo, em 1,30%.
Em 1º de abril a carne terá novo aumento de 0,8% e o queijo terá um acréscimo de 4,7% em impostos. Estes aumentos são provenientes dos decretos estaduais números 65.450 e 65.452, de 30 de dezembro, realizados pelo governo de São Paulo para aumentar a arrecadação com o ICMS.
Em com 2019, a inflação nos alimentos foi de 5,73%. A alta de 15,02% no ano passado é recorde, superior ao índice 11,33% de 2015. A inflação em doze meses, mesmo com impacto do real mais desvalorizado favorecendo as exportações, deve manter o IPS, em torno de 4% a 5%, avalia Ronaldo dos Santos, presidente da Apas.
Outras categorias
De forma geral, o óleo também pressionou os preços dos produtos industrializados com alta de 67,2%. O de soja, por exemplo, acumulou 115,6%. Outro item que também colaborou com o aumento foi o açúcar, tendo alta de 16,1%.
Os produtos in natura – que representam em média 10% do faturamento de um supermercado – subiram 5,61% no ano passado. Os legumes tiveram alta de 24,7%. O tomate (32,2%) e a cenoura (67,9%) puxaram o aumento. Nas frutas, a inflação foi maior, de 26,2%. Os vilões foram a laranja (49,6%), banana (23,1%) e maçã (66,3%).
O principal motivo é o descompasso entre a oferta/ produção destes itens e a elevação da demanda. Entre as bebidas, as alcoólicas tiveram uma variação de 3,15%, reflexo da elevação no preço do vinho (4,77%) e alta do preço da cerveja (2,89%). Entre as não alcoólicas, a alta foi de 2,5%, sendo o refrigerante o item que mais inflacionado em 3,03%.
Em dezembro, caíram os preços de 19% dos itens. Entre os produtos que apresentaram redução de preços estão: peito de peru (-2,19%); biscoito de água e sal (-5,07%); farinha de mandioca (-4,86%); limão (-14,41%); mandioquinha (-8,59%); couve (-11,26%).
Emprego
Segundo a Apas, o setor supermercadista do Estado de São Paulo teve saldo positivo de 18,7 mil empregos formais gerados em 2020. O número é 46,5% maior que o registrado em 2019 e é o melhor resultado desde 2014, quando o saldo anual foi de 18,9 mil empregos.
São Paulo foi o Estado com o maior saldo do país no mês de dezembro, com 4,5 mil novas vagas, quase o dobro de Minas Gerais, que ficou em segundo lugar, com 2,4 mil. O mês de dezembro é, historicamente, o melhor para a geração de empregos no setor.
O varejo alimentar criou 18 mil vagas em todo o Brasil neste mês, um resultado 76,5% maior que o mesmo período de 2019. Em São Paulo, todos os canais de vendas contrataram em dezembro. O saldo foi de 3.091 vagas em hiper e supermercados; 687 em minimercados e mercearias; 327 em hortifrutis e 457 em atacados e atacarejos.