A cana-de-açúcar está diretamente ligada ao processo de desenvolvimento do Brasil. E na história desse processo, Ribeirão Preto tem um capítulo especial. Nesta semana a cana encerra a série especial #TribunaRibeirão25Anos.
Desde que o Brasil foi descoberto em 1.500, a cana-de-açúcar é explorada no país. Segundo pesquisadores, em 1532 há referências do cultivo de cana e produção de açúcar no nordeste brasileiro, em especial em Pernambuco. De lá para cá não parou.
A produção da monocultura da agroindústria açucareira no Nordeste pagava todos os custos e cobria todas as necessidades da Capitania. Na época da abolição da escravatura (1888), os engenhos já tinham incorporado praticamente todas as inovações importantes da indústria do açúcar existentes na época em qualquer parte do mundo, e com a abolição, passou a dispor de recursos financeiros que antes eram destinados à compra e manutenção de escravos.
A partir daí surge uma nova etapa na indústria açucareira brasileira, com o aparecimento dos chamados “Engenhos Centrais”, precursores das atuais Usinas de Açúcar.
Na região de Ribeirão Preto a cana-de-açúcar assume o seu protagonismo a partir do declínio do café, na década de 1920. Desde então, a cana retoma o seu posto de líder na agricultura nacional.
Na região de Ribeirão Preto, os imigrantes adquiriram as terras do café e por volta da década de 1940, essa já era a principal cultura em muitas cidades da macro região. Após 1960 a região se tornou um “mar de cana” transformando-se na maior produtora mundial de cana-de-açúcar.
O país, e consequentemente Ribeirão Preto e região foram beneficiados por mudanças nos relacionamentos comerciais entre vários países.
Outro ponto importante nesse desenvolvimento do setor sucro-alcooleiro foi o Pró Álcool – Programa Nacional do Álcool (que durou de 1975 a 1989) que incentivou o uso do álcool anidro como aditivo à gasolina. Surgiram destilarias e usinas para o beneficiamento da cana, e o setor se capitalizou. Estima-se que há, atualmente, 58 usinas produtoras de açúcar e álcool na região, que vendem para o mercado interno e externo.
Os primeiros engenhos
Era considerado engenho uma lavoura com fábrica para tratar as colheitas, além do conjunto de máquinas para preparar os produtos da cana: açúcar e álcool.
O Engenho Central, em Pontal, também chamado de Usina Schmidt, é um dos primeiros da região. Sua história se iniciam com a compra em 1902 pelo fazendeiro Francisco Schmidt – imigrante alemão conhecido como o Rei do Café e então dono da vizinha fazenda Vassoural – do sítio Pocinhos, que pertencia a Alexandre Balbo.
Francisco Schmidt foi um dos maiores fazendeiros de café da época, nascido em 1850 na Alemanha, chegou ao Brasil ainda criança e viveu até 1924. Ele decidira entrar no mercado de açúcar em uma sociedade com a empresa alemã Theodor Wille, de Hamburgo
Focando as exportações de açúcar, já em 1906, Schmidt obteve benefícios de isenção fiscal – concedidos por uma lei aprovada pela Câmara Municipal de Ribeirão Preto – para quem investisse em outras culturas. Foi quando ele montou o Engenho Central dando início às atividades industriais.
As primeiras máquinas do Engenho Central foram fabricadas no Reino Unido e na França, entre as décadas de 1870 e 1880, tendo sido adquiridas por Schmidt junto a outro grande fazendeiro da época, Henrique Dumont Villares, que, desde 1898, era dono de um engenho em Santa Rosa do Viterbo (SP), o primeiro da região.
Já com a produção de açúcar a todo vapor, o Engenho Central gerou grande impacto no comércio da região. O açúcar produzido por Schmidt tinha o nome de “Crystal”. Naquela época, a Cia. Mogiana de Estradas de Ferro chegou a estender seus trilhos até o pátio do Engenho.
Em 1924, o Coronel Francisco Schmidt faleceu e, em 1961, seus herdeiros venderam a Fazenda Vassoural para Maurílio Biagi que, em 1964, adquiriu também o Engenho Central e sua cota de produção.
Em 1966, Biagi constituiu a Companhia Agro Industrial Engenho Central (Caiec) que, funcionando como apoio à Usina Santa Elisa, seguiu produzindo açúcar e álcool até meados de 1973, quando encerrou suas atividades.
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