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Falta de educação básica e cidadania: efeitos devastadores

A escola básica pública é o alicerce onde se constrói a cidadania, e consegue transformar um país em uma Na­ção. Acontece que a colonização do Brasil foi alicerçada nos privilégios da nobreza portuguesa e seus asseclas, e ao longo dos séculos estes privilégios se solidificaram, e como privilégio não combina com a cidadania, manter tudo como sempre foi, e nunca permitir que a escola básica pública formasse cidadãos, mesmo que isso esteja explicito na Cons­tituição é a principal luta.

O resultado da falta de cidadania fica explicito nas atitu­des cotidianas da sociedade brasileira. Alguns esperançosos acharam que a pandemia iria fazer surgir no Brasil uma sociedade mais justa, e que a empatia seria a nova marca do povo brasileiro, mas tudo ficou na esperança (de esperar), e nada de novo no horizonte. E essa falta de cidadania vai empurrando o Brasil para o abismo. O analfabetismo ainda é uma mácula na educação brasileira, e tem que ser comba­tido, mas o analfabetismo funcional é mais letal, pois mata de fome, de raiva e de sede.

A formação da cidadania se inicia na educação infantil, e se solidifica até o nono ano do ensino fundamental, e como os projetos pedagógicos não abarcam este tema, se chega ao mestrado e ao doutorado sem saber o significado de ser um cidadão. A falta de cidadania cria na população um sentimen­to individualista, que leva o egoísmo ao seu patamar máxi­mo. O caput, do artigo 5º da Constituição brasileira afirma: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza” (…), no entanto a presença da figura dos mais iguais polui o nosso cotidiano.

A cidadania não se aprende por osmose, tem que ser ensinada, e como a escola básica não cuida deste assunto, es­perar por um milagre é a sina de um País, que não consegue se transformar em uma Nação. A negação da cidadania, e o analfabetismo funcional produz o amálgama de uma tragé­dia anunciada, pois através do voto criminosos assumem o poder, e com isso chegamos à segunda década do século 21, semalcançar o futuro prometido, e com um presente compro­metido com milicianos, que junto com seus parças e seguido­res vão destruindo o País.

A esperança de dias melhores nesta pandemia veio com o inicio da vacinação contra a Covid 19, no entanto esbarou na velha oligarquia acostumada a dar carteiradas para manter os privilégios. Quem está na linha de frente no combate a pandemia tem prioridade para ser vacinado, mas na maioria dos municípios a carteirada vai furando a fila com galhardia. Prefeitos e secretários da saúde furam a fila na maior cara de pau, e ainda argumentam que estão incentivando a população que está com medo da vacina.

A cidadania que não foi aprendida na escola produz políticos mal intencionados, que se especializaram no dom de iludir, mas a falta de cidadania cria situações mais grave. O fura fila no Hospital das Clinicas de São Paulo ligado a USP mostrou que não há empatia nem humanidade com o próximo. Os trabalhadores terceirizados que lutam na linha de frente, não vão receber a vacina neste momento, mas os servidores efetivos, que fazem parte de outros departamentos, que não são da linha de frente estão recebendo a vacina – afinal representam o grupo dos mais iguais.

Uma doutoranda disse nas redes sociais, que iria furar a fila usando a sua carteirinha do HC, pois nestes momentos é um salve-se quem puder. Como diz os versos de Paulino da Viola “Quando o jeito é se virar cada um trata de si, irmão desconhece irmão” (…). Nenhuma mudança na sociedade brasileira acontecerá sem a materialização da cidadania na educação básica – afinal tudo esbarra na educação!

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