O 29º Encontro Nacional de Folia de Reis, um dos mais tradicionais eventos do Brasil, que seria em 31 de janeiro, último domingo do mês, foi adiado por causa da pandemia de coronavírus e da recomendação de distanciamento social consciente. Organizado pela prefeitura, por meio da Secretaria Municipal da Cultura, o evento anual é realizado na praça José Rossi, na Vila Virgínia.
O evento deve ficar para 2022. Não há nova data prevista. Além disso, a Secretaria Municipal da Cultura e Turismo participou de um edital do governo de São Paulo, o Tradição SP, cujos recursos financeiros no valor de R$ 25 mil iriam auxiliar na execução da atividade. Com o cancelamento da tradicional festa, a pasta decidiu produzir um documentário sobre o encontro.
“Devido à necessidade de suspensão da mesma frente à pandemia, o Museu da Imagem e do Som de Ribeirão Preto, a Divisão de Patrimônio Cultural e a Apaa (Associação Paulista dos Amigos da Arte) procedem a captação de imagens para um minidocumentário e posterior exposição de fotos com as folias, a fim de registrá-las”, diz nota da prefeitura.
Outro produto deste projeto é um inventário de referências culturais da folia de reis como patrimônio imaterial. “Ao ser finalizado, o inventário será entregue ao Conppac (Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Cultural) e ao Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico) para pedido de registro como forma de expressão da cultura tradicional paulista”, diz a nota.
No ano passado, em 26 de janeiro, cerca de dez mil pessoas acompanharam o desfile das 25 companhias de reis e congadas, que trouxeram cerca de dois mil integrantes de várias localidades do Brasil – São Paulo, Minas Gerais, Goiás e outras.
As companhias entoaram diversas canções e rezas em homenagem aos três reis magos Gaspar, Melchior (ou Belchior) e Baltazar – o Dia de Santos Reis foi celebrado em 6 de janeiro, mas a festa em Ribeirão Preto acontece no último final de semana do mês.
O evento também foi marcado pela tradicional encenação do presépio de reisado composta por 30 atores e com a apresentação das folias e congadas. As apresentações também percorreram nas casas do bairro, quando os músicos visitaram as famílias em coro, onde foram recebidos com comes e bebes típicos da data.
As festividades começam sempre com a celebração da Santa Missa pelo padre Alexandre de Souza, da Paróquia Nossa Senhora da Penha, no Jardim Piratininga, na Zona Oeste, com a cerimônia da bênção das bandeiras de reis, Nossa Senhora Aparecida (padroeira do Brasil) e de São Sebastião (padroeiro de Ribeirão Preto).
Logo em seguida, é a vez do hasteamento das bandeiras. Depois começam as apresentações musicais – não se limitam apenas ao palco – que se estendem durante todo o dia com as companhias de reis e congadas. O evento também é marcado pela tradicional encenação do presépio com o Grupo de Teatro de Reisado, dirigido por Carminha Rezende, composto por 30 atores.
A história da folia de reis
Festejo de origem portuguesa, foi trazido para o Brasil ainda nos primórdios da formação da identidade cultural nacional e ainda hoje se mantém vivo nas manifestações folclóricas de muitas regiões do país. Ligado às comemorações do catolicismo, faz parte do ciclo do Natal, quando são feitas as comemorações do nascimento de Jesus com festas populares como congados, folia de reis, império do divino, reinado do rosário e pastorinhas.
Conhecida como reisado, também tem caráter folclórico (espécie de folguedo). Segundo a tradição católica, no momento que os reis magos avistaram no céu a Estrela de Belém, foram ao encontro de Jesus e levaram incenso, ouro e mirra. Por trás dos presentes levados havia uma simbologia: a realeza (ouro), a divindade ou a fé (incenso) e a imortalidade (mirra).
Uma das mais tradicionais comemorações da cultura popular folclórica, a folia de reis celebra de maneira diferente o nascimento do menino Jesus e a visita dos três reis magos (Gaspar, Melchior – ou Belchior – e Baltazar), reunindo milhares de devotos e voluntários. A festa tem como objetivo resgatar raízes e preservá-las como bem imaterial da cidade.