Na modernidade virtual dos novos tempos parece que uma antiga forma de se homenagear grandes nomes da história ainda não foi substituída. Certamente nem o será. São estadistas de todas as épocas que tiveram seus bustos colocados em praças públicas, por todas as partes. Outros serão lembrados com o mesmo destaque.
Por aqui vê-se o do Barão do Rio Branco na frente da Prefeitura Municipal, cujo palácio leva o seu nome. No futuro (e que seja daqui hà muitos anos) ali também poderão ostentar os de ilustres prefeitos desta cidade, como aquele que em 164 anos de Ribeirão foi o único eleito para quatro mandatos (Welson Gasparini), algo que se torna cada vez mais raro na política atual. Um dia, quando homenageado, ali por perto se exigirá lembrar sempre alguém que foi sustentáculo de suas aplaudidas gestões.
Estamos nos referindo a um assessor que assumia o governo municipal onde fosse preciso, acumulando secretarias, cargos de quaisquer níveis, com dedicação exemplar. Registramos aqui o super secretário Rogélio Genari.
Até se comentava que quando era para dizer “não”, Genari assumia o encargo para poupara imagem política de Gasparini que, assim, teria crescido o eleitorado. Desse fato nunca se teve confirmação. Mas é certo que os assuntos mais delicados do Município sempre dependeram do seu parecer, seja pelo desempenho nos cargos ou pela extrema confiança do prefeito.
Dr. Genari, como sempre é tratado, hoje faz questão de não participar ativamente da administração municipal, depois de várias décadas de trabalho, inclusive, encaminhando soluções para as costumeiras crises político-partidárias, em época de bipartidarismo e comando militar.
Os vereadores não apresentavam projetos, nem debatiam matérias sobre o futuro de Ribeirão, sem primeiro passar pelo gabinete do Dr. Genari, ouvir sua opinião e se esclarecerem a respeito. Era zêlo para não atrapalhar a administração. A imprensa palaciana fazia o mesmo. A cidade se beneficiava. E hoje?
Dr. Genari, formado em direito e com amplo conhecimento sobre administração pública, tinha a preocupação de cuidar do equilíbrio da gestão municipal, do cumprimento das leis e preservar sempre os princípios que norteavam Gasparini: era o “braço direito” do prefeito.
Ele dispensava ternos, gravatas e os carros pretos com chapa branca – usava os seus “fuscas”, procedendo com simplicidade e discrição, até quando também ocupava as diretorias da administração indireta (Ceterp, Cohab, Transerp e outras). Sempre foi o “Senhor Prefeitura” pelo tanto que a domina, como ninguém. Fora do poder continua sempre lembrado. Há os que querem consultá-lo ou apenas ouvi-lo, pelo conhecimento, austeridade, experiência e credibilidade.
Na comunidade, o Dr. Genari sempre fez parte de entidades sem fins lucrativos porque é expressão de respeito. Admirado por quem o conhece, granjeia simpatia e episódios até inéditos: além das rodas de amigos, tem predileção pelas praias de Santos, viajando de ônibus da Cometa, cujos motoristas, antes da garagem da empresa, exigem deixá-lo à porta do apartamento. São conquistas da vida pública – o que não é para todos.
Há sucessor? Provavelmente, não!