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Biblioteca de São Paulo e do Parque Villa-Lobos emprestam livros pela internet

© Divulgação/Cultura RJ
Por Camila Tuchlinski

Com a pandemia do novo coronavírus, fomos privados de muita coisa, inclusive de passeios culturais como peças teatrais, museus e exposições.

A Biblioteca de São Paulo e a do Parque Villa-Lobos, ambas instituições do governo paulista, têm 80 mil itens no acervo físico. Para o mundo virtual, foram digitalizados 1.400 títulos, além de conteúdo de domínio público em ambos os sites.

“Em menos de um mês de lançamento, contabilizados no último dia 8 de janeiro, a BSP Digital, como é chamada, recebeu cerca de 13 mil visitas de associados”, afirma o diretor executivo da SP Leituras, Pierre André Ruprecht.

Para emprestar os livros da Biblioteca Villa-Lobos, o leitor precisa baixar o aplicativo. Ruprecht explica que, há dois anos, as bibliotecas públicas estaduais vêm incorporando conteúdos online. “O serviço de empréstimo de livros digitais é novo, inclusive no País, uma vez que, até pouco tempo, apesar da tecnologia à disposição, não havia um modelo de negócios onde os provedores quisessem ceder conteúdos para bibliotecas públicas. De um ano e meio pra cá, começaram a surgir ofertas neste sentido”, diz.

O engenheiro mecatrônico Odilon Tavares dos Santos Neto, de 40 anos, sempre frequentou bibliotecas físicas, desde os tempos de faculdade. Há alguns anos, passou a ir com os dois filhos. Ele conheceu o projeto dos livros online pelo site da Biblioteca Parque Villa-Lobos.

“Acredito que a experiência virtual traz muitas facilidades em relação à física como acesso ao acervo, possibilidade de ver os conteúdos dos livros, verificar a disponibilidade de uma forma mais clara e rápida, facilidade para devolução, recursos de acessibilidade e a velocidade de reprodução dos audiolivros, o que considero essencial para acompanhar publicações em outras línguas. E, neste momento de pandemia, poder fazer tudo isso de dentro de casa”, comemora. Neste momento, Odilon está lendo O Mundo Fantástico de Pedro, de Carlos Augusto Nicolai, e The Curious Case of Benjamin Button.

Sarah Germano morou nos Estados Unidos por um ano e estava habituada a alugar e-books nas livrarias. “Com o isolamento sendo necessário, agora mais do que nunca e com saudades de frequentar as bibliotecas, procurei uma alternativa no Brasil”, afirma a jornalista. Ela sempre foi à bibliotecas desde a adolescência e, com a rotina de trabalho e filhos, foi ficando cada vez mais difícil.

“Por isso fiquei tão feliz de poder voltar a frequentar de forma virtual. Acho que isso amplia muito o acesso aos livros. A Biblioteca de São Paulo, por exemplo, permite que pessoas de qualquer parte do País se cadastrem”, ressalta.

Sarah já pegou emprestado a obra Faz-me falta, de Inês Pedrosa, e New Hampshire, de Robert Frost. “E já estou na fila para emprestar os da Wislawa Szymborska”, adianta. A jornalista gostaria de sugerir que a Biblioteca de São Paulo adquirisse o livro A Ridícula Ideia de Nunca mais te Ver, da autora espanhola Rosa Montero.

Sugestões de aquisições

Assim como Sarah Germano, qualquer leitor que estiver cadastrado pode sugerir títulos para aquisição. O diretor executivo da SP Leituras ressalta que acolher as dicas dos usuários é uma prática antiga. “Qualquer pedido que esteja dentro da política da instituição pode ser feito e o sócio é avisado quando o livro chega. Na biblioteca digital, é possível sugerir títulos, porém, como a oferta ainda é baixa para as públicas, pode ser que alguns não existam para estes equipamentos. Neste caso, explicamos a impossibilidade e disponibilizamos a compra física”, esclarece.

Na opinião de Pierre André Ruprecht, o serviço online tende a se expandir: “É inevitável que haja um aprimoramento neste sentido, junto com os serviços presenciais. O acesso digital à leitura é importante, mas a física também. Por uma simples razão: a biblioteca transcende a leitura. É um espaço de experiências literárias, de cultura e de conhecimento”.

Apesar de, após a pandemia, diversos conteúdos estarem conquistando a ‘nuvem’, para os amantes de literatura, o processo físico do manuseio das páginas de uma obra não pode ser substituído. Além disso, nem todo mundo tem acesso à internet.”É importante ressaltar que o Brasil ainda está lutando pelo direito à cultura e ao conhecimento. O acesso digital aqui ainda é extremamente limitado. Quando a gente fala de expansão da leitura no País, o universo online contribui para esta luta, mas vamos lembrar que ainda é para poucos. Por isso, o atendimento presencial é muito importante”, conclui Ruprecht.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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