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Paciência até 2022

Inicio esta primeira coluna de 2021 desejando a todos os meus leitores votos de que o ano que se inicia seja mais leve do que o anterior. Agradeço aos profissionais da saúde a dedicação com que enfrentaram e estão enfrentando a pandemia. E invoco a esperança, que é o grande motor de nossa vida, para imaginar que assim seja. Afinal, 2020 foi tão terrível que temos o direito de esperar um período de vida melhor para todos nós. A disponibilidade da vacina contra o Covid-19 dá-nos um alento de que nossos proble­mas serão resolvidos rapidamente.

Entretanto, apesar do empenho dos cientistas, dos fabri­cantes das vacinas, dos governos responsáveis (o nosso é in­feliz exceção) haverá um período em que teremos de manter as mesmas regras sanitárias hoje em vigor. Isto porque uma população como a nossa não se imuniza rapidamente. Há ne­cessidade de um plano geral de vacinação e parece que nosso governo central não está muito interessado em liderá-lo. Felizmente, para nós que moramos no Estado de São Paulo, medidas preliminares e tomadas com antecedência, permitem a produção local da vacina, pelo Instituto Butantan. Entre­tanto, não seria justo usarmos o imunizante somente para a população paulista, o que nos obriga a nos adequarmos a um plano maior de sua distribuição.

Portanto, temos de aceitar que a vacinação se estenderá pelo novo ano todo e devemos ter em mente a necessidade absoluta de uso da máscara, com os cuidados que todos co­nhecemos, lavar continuamente as mãos, evitar aglomerações e contatos pessoais. Somos um povo expansivo, que gosta de abraçar e beijar, mas a pandemia nos ensinou que, num país tropical, estes contatos dão margem a transmissão de doen­ças, mesmo quando o Covid se for.

Precisamos adotar práticas de países mais contidos e abandonar contatos desnecessários. Para que dar a mão, num cumprimento? Para que os tradicionais beijinhos que damos nas pessoas, mesmo as mais distantes de nossa convivência? Por que dar as mãos aos que nos cumprimentam, quando já estamos sentados à mesa do restaurante, depois de higienizá­-las para a refeição? Todo bom cozinheiro sabe que, antes de elaborar a comida, deve lavar bem as mãos. Se assim é para aquele que nos prepara com cuidado o nosso alimento, por que não lavarmos bem as mãos antes de comê-lo?

Precisamos manter distância nos nossos contatos so­ciais. Nada de falar pertinho, tocar na pessoa a quem nos dirigimos. Não participar de aglomerações, evitar conta­tos com mesas e balcões, enfim agir como se a pandemia estivesse começando. Sei que não é fácil, estamos cansados de restrições, queríamos poder fazer happy hours à vonta­de, voltar a caminhar pelos shoppings, frequentar nossos restaurantes preferidos. Mas a vida vale mais do que um sacrifício temporário.

Enfim, haja paciência. E o segredo para mantê-la é aceitar que a vacina não vai acabar com a pandemia como um passe de mágica, mas, exigirá um trabalho hercúleo que se estende­rá durante todo o ano e talvez, parte do próximo. Precisamos portanto recalibrar nossa expectativa, estar atento, seguir como se nada tivesse mudado. Só assim manteremos nossa saúde física e mental.

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