Tribuna Ribeirão
Geral

Larga Brasa

Milagres de Natal
O poder do Rádio sempre foi inquestionável. Muito antes de se ter as modernidades das mídias sociais o Rádio AM unia as famílias, as comunidades e até os rincões mais longín­quos pelas ondas curtas (OC) e tropicais (OT). A Rádio 79 tinha uma emissora de onda tropical a ZYR 92, canal livre internacional que rompia Brasil e mundo afora. Milhares fo­ram os informativos de escuta de aficionados em audiência de rádios pelos países da Europa e do Oriente. No Amazonas era uma das poucas ouvidas pelos barracos sobre palafitas. Até Cuba nos ouvia. Pelo Brasil não havia barreiras. Era real­mente um veículos de integração nacional.

Mãe desesperada
Certa feita, na antevéspera do Natal, uma mãe procurou este repórter para fazer um apelo sentido à procura de seu filho que deveria estar entre Goiás e Mato Grosso. Chorando, con­tou-nos sua historia. Ela residia em São Benedito da Cacho­eirinha, distrito de Ituverava e precisou se mudar para Ribei­rão Preto para poder trabalhar e se sustentar. Seu filho havia viajado a procura de emprego a Jataí ou Santa Helena, para trabalhar na lavoura. Era experiente retireiro. Deixou os vizi­nhos avisados de que ela estava residindo em nossa cidade e o endereço ficou com algumas das residências ao lado de sua casa para apresentar ao filho quando retornasse. Ela ficou sabendo que o filho voltou a procurá-la, mas uma das vizinhas que não tinha muita amizade com ela resolveu deixar o rapaz desesperado e, com cara de choro disse que sua mãe havia fa­lecido e não conseguiram informá-lo do ocorrido. O filho ficou amargurado, mas não acreditou. A inimiga da mãe fez mais; levou–o ao cemitério do distrito e mostrou um túmulo como se fosse da sua genitora. Ele saiu de volta para o emprego em Santa Helena. Voltou às suas funções de retireiro. Acordava cedo, ordenhava as vacas e depois subia no morro onde seu radinho sintonizava a 79 e ficava a par das notícias do Larga Brasa, pois era a única coisa que o ligava a região e que fazia ele lembrar na “falecida mãe”.

Ele ouviu o apelo
Na véspera do nascimento de Cristo ele ouviu o apelo da mãe. Como fazia todos os dias pegou seus documentos e o dinheiro que possuía e colocava no bolso para evitar furtos no dormitório coletivo. Quando ele ouviu o apelo da mãe desesperada em sobressalto ele gritou: – “Está viva!”. Des­ceu o morro correndo e coincidentemente estava na hora de passar o ônibus que vinha para Ribeirão Preto. Mesmo com avental sujo, mas com documentos e dinheiro para a passagem, montou no coletivo e veio encontrar-se com a mãe que havia passado endereço, etc.

Programa de véspera
Estávamos fazendo o programa às vésperas do Natal quan­do ouvimos gritos desesperados na portaria da emissora, que estava na Duque de Caxias, 795. Fomos verificar e fo­mos abraçados, beijados com gestos agradecidos da mãe e do filho encontrado. Era uma alegria indescritível. Uma verdadeira dádiva do Natal.

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